Vinicius Jr., ex-Flamengo e estrela do Real Madrid, está sendo massacrado nos estádios espanhóis por torcedores racistas dos clubes que ele goleia e derrota. Em setembro, uma horda com a camisa do Atlético de Madrid juntou-se para ofendê-lo. Há semanas, torcedores do dito Atlético inspiraram-se na Ku Klux Klan e encenaram o seu enforcamento, pendurando de uma ponte um boneco alusivo a ele —como que pedindo a sua morte. E, outro dia, ele foi ofendido durante um minuto de silêncio. A cada agressão, Vinicius Jr. responde com gols, dribles e danças.
No grave caso da ponte, a polícia diz ter colhido impressões digitais e amostras de DNA dos ofensores. Resta ver o que fará quando eles forem identificados e presos —se forem. Do governo espanhol, Vinicius Jr. e outros atletas brasileiros e africanos ofendidos pelos nativos já sabem o que esperar: nada. O que diriam os supremacistas espanhóis se soubessem que, na Inglaterra, eles mesmos, assim como os seus jogadores brancos que atuam lá, não são vistos como tão brancos? São "hispânicos".
Mas o pior silêncio, para mim, é o que vem dos colegas de profissão de Vinicius. Eles não se dão conta de que o insulto atinge a essência do próprio futebol, já que todos os grandes clubes do mundo têm jogadores negros.
Como impedir que o racismo continue a envenenar o futebol? Tenho uma ideia, não sei se prática. Assim que se ouvisse uma ofensa contra um jogador, em qualquer país, o juiz paralisaria a partida. Cada jogador se imobilizaria onde estivesse. A paralisação seria por quanto tempo levasse para se identificar o racista ou racistas na arquibancada. Ela simbolizaria a revolta da categoria contra a agressão a um colega.
Talvez o time do jogador agredido estivesse a pique de marcar um gol e fosse prejudicado pela paralisação. Nesse caso, o juiz marcaria pênalti contra o time agressor. OK, foi só uma ideia.
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