Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Dinheiro na mão

Assim como Bolsonaro, eu também gostaria de dispensar bancos, aplicações e até o Pix

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Ao ser preso há dias em sua casa, em Petrópolis, por debochar de decisões judiciais, o ex-deputado Daniel Silveira ainda levou uma busca e apreensão. Foram encontrados mais de R$ 270 mil em dinheiro vivo. Como pode um deputado de quinta manter em casa, como se para troco ou gorjetas, mais dinheiro do que as economias da vida inteira de, digamos, um professor? Mas, no caso do bombado Daniel Silveira, isso era justo.

Ele já tinha sido preso em 2021 e condenado a oito anos por ataques às autoridades e instituições, mas foi descondenado por seu amigo Jair Bolsonaro, então presidente da República. Nessa primeira prisão, numa cena comicamente inédita nos anais do Congresso, o parlamentar tentou fugir pulando o muro de sua casa. Um homem sujeito a pular muros para escapar da polícia precisa, de fato, ter dinheiro à mão para pequenos subornos e rotas de fuga. Além disso, manter dinheiro em casa é uma tradição dos mentores espirituais de Daniel Silveira: os Bolsonaro.

Dos anos 90 até hoje, a família Bolsonaro assumidamente comprou 107 imóveis, dos quais 51 em dinheiro vivo, num montante de R$ 30 milhões em verdinhas. Ao saber disso, todos morremos de inveja e deveríamos aprender como fazer igual.

Suponha R$ 1 milhão em notas de R$ 100. Só ai são 10 mil notas. E se houver notas de R$ 50? Onde se guarda tanto dinheiro em casa? Em gavetas, caixas de sapatos, latas de biscoito? Em cofres nas paredes, disfarçados com quadros de Romero Britto? Quantos cofres serão necessários? Quantas paredes? Quantos Romeros Brittos? E quem conta o dinheiro, lambendo o dedo para passar as cédulas? Quem aplica os elásticos nos maços de notas? São milhares de elásticos! E como transportar a grana pela cidade? Em malas, bolsas de lona, sacos de supermercado?

Um dia saberemos. E, quem sabe, poderemos também dispensar bancos, aplicações e até o Pix, que Bolsonaro diz que inventou.

charge ilustra homem branco com cabelo castanho terno cinza azulado, gravata preta, simbolizando uma caricatura de jair bolsonaro, levemente curvado, usando uma caneta para abrir as algemas de outro homem também branco, vestido de terno cinza azulado, camisa branca e gravata preta
Charge de Jean Galvão sobre o indulto de Bolsonaro a Daniel Silveira - Jean Galvão - 24.abr.22/Folhapress

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