Quem foi que disse que o Palmeiras não teria chance de passar à final da Libertadores pela segunda vez consecutiva? Talvez o vizinho do treinador Abel Ferreira tenha dito, na cara dele, no elevador… além de mais um ou outro.
Mas os gols feitos, e perdidos, no Mineirão não foram as únicas coisas que se destacaram na semifinal diante do Atlético-MG. O que aconteceu no entorno foi igualmente empolgante.
Primeiro, precisamos falar sobre Deyverson. Pode ter suas limitações como atacante, mas é um torcedor apaixonado. Enquanto Gabriel Veron se preparava para cruzar a bola para o gol de Dudu, Deyverson, que se aquecia, já estava dentro do campo, pronto para comemorar.
Para sorte do Palmeiras, o esporte era o “soccer”, se fosse futebol americano, algum juiz jogaria uma flanela amarela. Falta. Muitos homens em campo. O gol do Palmeiras seria invalidado e o time teria que recuar dez jardas (ou cinco? Não sei).
E para completar, a reação apaixonada e quase colérica do treinador luso Abel Ferreira após o apito final. Cheguei a pensar que a bronca era com o cameraman… ou até comigo, diante de seu olhar penetrante e arregalado na minha direção, ainda que houvesse uma tela de TV entre nós.
Na entrevista coletiva pós-jogo, antes mesmo que alguém tocasse no assunto, Abel logo explicou: “Sei que falei umas coisas no final apontando para a câmera, não falei nada para nenhum jogador do Atlético Mineiro ou o seu treinador. É porque tenho um vizinho que mora no meu prédio que é um chato, foi diretamente para ele, para ele estar calado. Porque o que se passa na minha casa sou eu que sei”.
Imagine o próximo encontro entre Abel e o vizinho no elevador, ambos com sacolas de compras na mão? Quase tenho pena do vizinho, mas ele deve ter merecido.
Mas uma dúvida não foi completamente sanada: qual o time do vizinho?
O primeiro que vem à mente, obviamente, é o arquirrival Corinthians. Deve ter falado poucas e boas dia e noite desde que venceram o clássico no fim de semana anterior, lembrando que o Galo também é alvinegro, e que o Palmeiras não é campeão do mundo, aquele lenga-lenga chato para palmeirense. Deve ter sido insuportável para Abel.
Mas são tão poucos os motivos para qualquer corintiano pegar no pé de qualquer rival na temporada... Não, não, o vizinho deve ser são-paulino. Tricampeão da Libertadores e Mundial, e recém-saído de uma fila de títulos justamente contra o alviverde, na final do Paulistinha (usarei o apelido carinhoso usado por Juca Kfouri, também acho “inha”, cada vez mais).
Sem falar que o CT do Palmeiras é vizinho do CT do São Paulo. É isso, uma metáfora! Pessoal devia estar subindo no muro para irritar os palmeirenses deliberadamente.
Mas o momento também não é adequado. O São Paulo está mais perto do rebaixamento do que de uma das 27 vagas da Libertadores destinadas aos brasileiros. Talvez o vizinho não seja são-paulino, afinal.
Já sei, o danado do vizinho é palmeirense mesmo, daqueles bem mala sem alça, que acham que se o time é campeão em um ano e vice no outro é motivo para trocar tudo. Deve irritar o pobre Abel a cada escalação, a cada empate ou derrota chatos, com futebol irritante (sim, eles acontecem), a cada vez que deixa mais atacantes no banco.
A única coisa certa é que é um palmeirense sem coração. Porque os de coração, como Abel disse, já foram conquistados pelos olhos penetrantes do treinador luso.
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