Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa Libertadores 2020

Abel Ferreira, do Palmeiras, foi de besta a bestial na classificação à final

Depois do River Plate, técnico conseguiu eliminar outro time melhor que o dele na Libertadores

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O Palmeiras perdia do Atlético Mineiro e via o sonho do tricampeonato continental virar pesadelo agravado pela perda do Dérbi três dias antes.

Vargas havia feito 1 a 0, perdido o 2 a 0 miseravelmente e nada indicava que o reativo time alviverde fosse capaz de fazer o gol que valeria a passagem para Montevidéu, 27 de novembro, um sábado.

O lusitano Abel Ferreira, então, tirou o atacante Rony e pôs Gabriel Veron, para passar a ser chamado de burro pelas redes antissociais palmeirenses.

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras - Cesar Greco/Palmeiras

Pois na primeira bola que o garoto de 19 anos pegou, deu um chega pra lá em Nathan Silva e passou na medida para Dudu empatar 1 a 1 e classificar o Palmeiras.

Ferreira de besta virou bestial como um dia disse o técnico brasileiro Otto Glória (1917-1986), que brilhou exatamente em Portugal, como treinador do Benfica e da seleção portuguesa, terceira colocada na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra.

O 0 a 0 horroroso do jogo de ida entre Palmeiras e Galo virou jogada de mestre, como se, de fato, tivesse controlado o jogo, muitos esquecidos do pênalti desperdiçado por Hulk.

Não faz mal —e nem é hora de procurar motivos para criticar.

Por duas temporadas seguidas Ferreira eliminou nas semifinais times melhores que o dele, o River Plate e o Atlético, também porque a sorte esteve do lado dele.

A rara leitora e o raro leitor têm alguma coisa contra um gajo de sorte? Prefere um azarado?

Ora, bolas!

Abel Ferreira além de bestial é sortudo.

Quem não quer um treinador assim para chamar de seu?

Ah, de fato, o Palmeiras continua sob o risco de terminar o ano sem taça nenhuma.

Mas eu, se fosse você, não apostaria nisso.

Tiros N'água

A possibilidade de os clubes brasileiros venderem seus direitos de transmissão para o maior número de veículos e plataformas é alvissareira.

Trocar o certo pelo incerto pode até alcançar bons resultados no futuro, mas é preciso não prometer o céu principalmente quando a situação é infernal.

É evidente que as recentes perdas da até então dona do espetáculo, a Globo, têm muito mais a ver com o incentivo do governo federal, que a escolheu desde antes de ser eleito como a inimiga a ser dobrada, do que com saudáveis novos hábitos nas negociações.

Golpes duros têm sido desferidos na Globo, só que as principais vítimas são… os clubes.

Na temporada passada, Marcelo Campos Pinto, ex-Globo e personagem do Fifagate, vendeu o arco-íris para os cariocas em seu campeonato estadual, entregou menos da metade do que acenou e hoje, candidamente, reconhece que não existe parceiro melhor no pagar-para-ver que… a Globo.

Para quem torce pela morte dos estaduais, é ótimo saber que a Record comprou o Paulistinha, porque pode ser o começo do fim —basta dizer que a Libertadores, no SBT, tem perdido para as novelas globais.

Os contratos fechados pela FPF, incluídos os jogos que serão transmitidos pelo YouTube/Google, beiram quantias que não passam da metade do que os clubes recebiam antes, porque o mundo mudou e o canto da sereia não costuma ser entoado por gente séria.

Agora se anuncia que a poderosa Warner desistiu dos direitos que tinha até 2024, do Campeonato Brasileiro. Já não exibirá o do ano que vem —e não deve ser porque está sendo bem-sucedido neste.

Enfim, este mundo é nebuloso e quem avisa amigo é: devagar com o andor que o santo é de barro.

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