Nunca uma janela de transferência foi tão importante antes de uma Copa do Mundo quanto a que está aberta neste momento. O motivo é simples e óbvio, o calendário.
Em outros tempos, a Copa teria terminado por esses dias com vitoriosos e derrotados na vitrine. O Qatar seria um grande balcão de negócios, e os principais destaques individuais entrariam automaticamente na mira do PSG (e depois na dos outros times da Europa com um pouco menos de verba… e depois na do Flamengo).
Exemplos não faltam. Um dos principais nomes do Mundial no Brasil, em 2014, o colombiano James Rodríguez chegou à Copa como jogador do Monaco, da França. Saiu como reforço do Real Madrid.
O goleiro brasileiro Alisson ratificou o bom momento na carreira no Mundial da Rússia, em 2018. E logo depois da Copa trocou a Roma pelo Liverpool. O mesmo Liverpool também contratou o baixinho habilidoso Shaqiri, destaque da Suíça. O Stuttgart ainda conseguiu segurar mais uns seis meses o lateral francês campeão Pavard, uma das surpresas no torneio. Mas em janeiro de 2019 ele fez um upgrade alemão e foi para o Bayern.
Mas desta vez a janela ganhou uma característica diferente. São os jogadores que resolveram fazer alguns movimentos para tentar garantir presença no Mundial —na maioria dos casos, atletas que não são certeza nas seleções e buscam mais minutos em campo.
O exemplo mais notório é do Brasil-il-il, Gabriel Jesus. O atacante estava no todo-poderoso Manchester City, sendo treinado pelo semideus espanhol Pep Guardiola, que já elogiou mais de uma vez a entrega tática do brasileiro.
Mas Jesus não vive uma fase, assim, artilheira. E atacante goleador cai como coco por aqui. Para piorar, o atual campeão inglês venceu a corrida pela contratação de Haaland; e ainda reforçou o ataque com o jovem argentino Julian Álvarez, ex-River Plate. Tudo isso poderia significar menos minutos para Jesus.
Assim, Gabriel, o Jesus, fez um movimento corajoso e trocou os troféus do City pela titularidade que terá no Arsenal, time treinado por Mikel Arteta, pupilo de Guardiola, e gerido por Edu Gaspar, que estava na comissão de Tite, na Rússia. Jesus já foi a sensação da pré-temporada e caiu nas graças da torcida antes mesmo da primeira rodada da Premier League.
A chance de Gabriel Jesus ser campeão com o Arsenal é muito mais remota, mas o movimento praticamente garante a vaga do brasileiro no Qatar.
Outro que vai atrás da vaguinha na Copa é o lateral Alex Telles, que joga em posição com poucas definições para Tite. Com a chegada de um novo técnico, o brasileiro viu que não teria muitas oportunidades como titular do Manchester United e topou um empréstimo de um ano para o Sevilla, da Espanha.
Daniel Alves vai tentar se garantir com Tite jogando no futebol mexicano. (Será?)
Já a troca de Richarlison, do Everton para o Tottenham, é perigosa. A concorrência no novo clube será maior, e a quantidade de gols pode minguar, com os fominhas Kane e Son ao lado. Pombo tem a seu favor os serviços prestados no passado, quando se sacrificou para estar nas Olimpíadas.
Também tem Raphinha, que saiu do Leeds United e tem tudo para ser destaque do Barcelona; e Anthony ainda pode deixar o Ajax, apesar de os holandeses estarem fazendo jogo duro.
O caso do meia Oscar, ex-Chelsea e um dos maiores salários do mundo no Shanghai, da China, é um pouco diferente. O jogador diz que quer jogar no Flamengo para estar na vitrine de Tite. Parece mais uma desculpa para se livrar do clube do Oriente. Para seduzir Tite, Oscar teria que fazer uma semifinal e uma final acachapantes na Libertadores e liderar o Flamengo numa virada improvável no Brasileiro —e, ainda assim, ele ficaria atrás de Éverton Ribeiro, Pedro e Gabriel, o Barbosa, nesta ordem, na fila rubro-negra de postulantes ao Qatar.
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