Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo

Precisamos falar de Richarlison

No futebol, o cara mais gente boa da seleção está devendo

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Não é fácil criticar Richarlison. O camisa 9 do Brasil é ano após ano o vencedor do Troféu Gente Boa da seleção. Ele para na rua para consolar torcedor após derrota na Copa; defende causas ambientais nas redes sociais (menos na mansão do Neymar); faz campanha pró-vacina; parece sempre marcar posição no lado certo da história (apesar de ter marcado o corpo com uma tatuagem do Neymar). Mas… não faz gol.

Nunca é um bom sinal quando o 9 do time não faz nenhum gol em uma goleada por 5 a 1, em casa, e sai de campo chorando, como aconteceu com o rapaz no Mangueirão. Foi abraçado pelos colegas e pela torcida. Que bom. Mas…

Lance de Brasil 5 x 1 Bolívia, em Belém - Lúcio Távora/Xinhua

Claro que o simples fato deste humilde escriba comentar que Richarlison não faz gol amplifica a chance de ele fazer uns três nesta terça (12), contra o Peru (ficarei na torcida), mas o histórico recente não anima.

Pensando melhor, o histórico menos recente também incomodava. O atacante vive um declínio desde que embarcou no Tottenham, na Premier League. Chegou a ter um belo lampejo na estreia da Copa do Qatar, com o gol mais bonito do torneio, mas não passou disso.

Richarlison no seu segundo gol na Copa do Qatar, no jogo Brasil e Sérvia - Instagram/richarlison


No time de Londres, agora deveria viver seu grande momento, já que o clube vendeu Harry Kane. Porém, o capixaba começou a temporada como titular, não produziu e já foi para a reserva. Perdeu a vaga para o intrépido israelense Manor Solomon. E os Spurs ainda compraram mais um atacante no fim da janela, o que significa que a minutagem de Richarlison corre mais perigo.

Então por que o não interino/não assistente Fernando Diniz convoca o jovem para a seleção? Não seria melhor poupá-lo dos holofotes, principalmente nesta fase em que estamos disputando as Classificatórias para a Copa? (Ouvi no Sportv o pessoal chamando Eliminatórias de Classificatórias, curti.)

Com Tite, havia lógica na convocação. O moço esteve presente em praticamente todo o ciclo. Mas o que Richarlison fez nos últimos 12 meses que impressionou Diniz —excetuando brilhantes postagens?

Sempre dizemos que futebol de seleção é momento. E o momento dos centroavantes brasileiros não é dos melhores. Não é só Richarlison. Matheus Cunha, o reserva imediato na posição, também joga na Premier League, no Wolverhampton, time que teve o pior ataque entre as 20 equipes da temporada passada. Cunha só chegou em janeiro. Fez 2 gols em 17 jogos (ou 971 minutos). Neste início de Premier League, fez mais 1 em 4 jogos. Parece pouco.

Gabriel Jesus, que volta à forma depois de cirurgia, foi reserva nos últimos confrontos do Arsenal e, mesmo assim, mostrou mais saindo do banco do que os dois coleguinhas supracitados —e Jesus só veio porque o acusado de agredir mulheres Antony foi cortado.

A crise na posição é tão grande que Ramon Menezes, quando foi interino, convocou Yuri Alberto, o homem não gol do Corinthians. Se isso não é um grito de socorro eu não sei o que é. Se pudesse, provavelmente Diniz teria convocado o argentino Cano, do seu Fluminense.

Diniz, aliás, teria um bom paliativo na mesma cidade de Cano. Tiquinho Soares (Botafogo) e Bruno Henrique (Outro Patamar) poderiam resolver a questão enquanto Richarlison recupera seu mojo. Ainda mais diante de seleções tão miseráveis como Bolívia e Peru (com todo respeito, como diria Luxemburgo).

Round 38 - Restam 5
Nem Data Fifa interrompe a carnificina de professores do Brasileiro. Nos últimos dias tivemos mais uma degola e a volta de um morto-vivo. A degola, na verdade, autodegola, foi do míster luso Renato Paiva, no Bahia, que causou o renascimento de Rogério Ceni (morto quando estava no São Paulo). Os sobreviventes, na opinião deste escriba, agora vão até o fim: Brasileiros 2 (Renato Gaúcho e Diniz) x 3 Estrangeiros (Abel, Caixinha e Vojvoda).

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