Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Sandro Macedo
Descrição de chapéu basquete AIDS

HBO enterra série sobre dinastia dos Lakers

Streaming faz 'air ball' e termina 'Hora de Vencer' com derrota do time de Los Angeles

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Imagine a saga "Star Wars" terminando apenas com dois filmes, com o final de "O Império Contra-Ataca", com Luke Skywalker perdendo a mão e Han Solo congelado. Fãs provavelmente pichariam o muro do estúdio com "queremos raça e jedis", "Vader é pai do Mickey" e outros impropérios.

Foi mais ou menos o que a HBO Max fez com a série "Lakers: Hora de Vencer", que dramatiza os eventos envolvendo a franquia nos dourados (para os Lakers) anos 1980. Tudo que você ler nesta coluna é spoiler, mas é como dar spoiler de "The Crown".

Pois bem, em 17 episódios (10 na primeira e 7 na segunda, todos já disponíveis), a série explora as dificuldades de Jerry Buss (ótima interpretação de John C. Reilly), que comprou o time em 1979, para transformar a franquia em vencedora.

Magic Johnson após jogo no Boston Garden, casa dos Celtics, em cena da série 'Lakers: Hora de Vencer', da HBO Max
Magic Johnson após jogo no Boston Garden, casa dos Celtics, em cena da série 'Lakers: Hora de Vencer', da HBO Max - Divulgação

Enquanto isso, o metido e adorável Magic Johnson, draftado por Buss naquele ano, luta para se impor em um time de cobras criadas, capitaneado pelo veterano Kareem Abdul-Jabbar. Entre um jogo e outro, o magnético Magic faz sexo com tudo que se move. O espírito da época é capturado com primor e a série não se limita às cestas e traquinagens da NBA.

Foram nos anos 1980 também que se estabeleceu a maior rivalidade da liga, entre Lakers e Celtics, centrada no antagonismo entre o negro Magic e o branco caipirão Larry Bird. Para muitos, a disputa foi fundamental para o crescimento da NBA até o grande produto que ela é hoje.

A primeira temporada termina com o primeiro título de Magic em Los Angeles, mas sem a esperada final contra os Celtics. No entanto, a produção deixou o terreno semeado, apresentou heróis, vilões, império e rebeldes.

Diz a história que Lakers x Celtics (Magic x Bird) protagonizaram três finais nos anos 80. Os Celtics venceram em 1984, com táticas de guerrilha (em um jogo das finais, em Boston, o ginásio foi transformado em uma sauna e deixaram apenas água quente ligada no vestiário do time visitante; Kareem quase teve um piripaque). Os Lakers deram o troco com títulos em 1985 e 1987.

Ao que parece, a ideia dos produtores era transformar a segunda temporada em seu "Império Contra-Ataca", com os "malvadões" de Boston conquistando o título em 1984. Então, na terceira temporada viria a redenção do jedi Johnson com dois títulos, até o seu diagnóstico de HIV, que o tirou das quadras (a série, aliás, começa justamente com a cena do jogador recebendo o diagnóstico, seguida por um grande flashback).

Mas, infelizmente, "Lakers: Hora de Vencer" teve uma primeira temporada com audiência apenas OK, nada que abalasse os alicerces do streaming; e, no segundo ano, os números caíram. Pior, a greve de roteiristas provocou um engarrafamento de projetos, e muitos foram parar na gaveta, no limbo ou tiveram um triste fim, como "Lakers". A série também não emplacou na temporada de prêmios, apesar de ter a favor o sarcasmo de Adam McKay ("Vice") na direção do piloto.

Assim, a genial ideia de acabar o segundo ano de "Hora de Vencer" com uma derrota para os Celtics foi um glorioso tiro no pé, um "air ball", como dizem quando o arremesso não bate nem no aro.

No lugar de uma terceira temporada, o último episódio termina com trivias do que os Lakers construíram nos anos seguintes. Claro, a série continua uma reconstituição deliciosa… também para os torcedores dos Celtics.

Em tempo, esta coluna também é informação: a nova temporada da NBA começa nesta terça (24), com os Lakers vendo os campeões Denver Nuggets receberem os anéis pela temporada passada.

Invictus 2

O melhor confronto em qualquer esporte na próxima semana será Nova Zelândia x África do Sul (dia 28), pela final da Copa do Mundo de rúgbi. Um dos dois será tetracampeão (como o Brasil x Itália da Copa de 1994). É também a reedição da final de 1995, retratada no filme "Invictus", de Clint Eastwood.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do publicado na versão anterior deste texto, o ginásio do Boston Celtics não possuía sistema de ar condicionado em 1984.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.