Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Descrição de chapéu Seleção Brasileira

É uma cilada, Dorival

Porém, muitas vezes, é irresistível resistir a uma cilada, mesmo quando ela está na sua cara

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"É uma cilada, Bino", dizia o melhor amigo Pedro, na frase-conselho que se tornou meme até para quem nunca viu "Carga Pesada". É possível que ao menos algum amigo de Dorival Júnior (imaginamos que ele tenha muitos) tenha dito "é uma cilada, Dorival", assim que o técnico que estava no São Paulo recebeu o convite da CBF-palhacitos para assumir a seleção brasileira, em momento barca furada.

E seriam conselhos bem mais valorosos, já que os parças de Dorival, esses, sim, certamente assistiram a algum episódio de "Carga Pesada".

Porém, muitas vezes, é irresistível resistir a uma cilada, mesmo quando ela está na sua cara, com cheiro de cilada, aparência de cilada e gosto de cilada. É como aquelas adolescentes do filme de terror, que insistem em sair da cabana isolada na floresta quando escutam um barulho do lado de fora. No caso, Dorival é a jovem teen.

Às vezes, a cilada está na sua cara - Diego Vara - 13.set.23/Reuters

Como Dorival não deve ter assistido a nenhum "Pânico" ou "Sexta-Feira 13", ficou curioso com o barulhinho do lado de fora e foi ver o que era. E aceitou o convite de Ednaldo Wonka para ser o novo técnico da seleção brasileira.

Olhando apenas o lado de Dorival, não dá para condenar sua decisão. É só lembrar os últimos Réveillons do professor. No início de 2022, era o técnico do Ceará, praticamente escanteado pelos principais times do Sudeste e do Sul do país.

Depois de trocar os cearenses pelo Flamengo, conquistou dois títulos, mas ficou desempregado antes da festa de Ano-Novo. Foi chamado para apagar incêndio no São Paulo e fechou 2023 como bicampeão da Copa do Brasil. Dorival já viveu o suficiente para saber que precisa surfar a onda antes que ela vire marola.

O problema, só mais um, é que ninguém sabe quem é ou será o presidente da CBF. O que dá para dizer sem nenhum resquício de dúvida é que Ed Wonka não entende absolutamente nada de futebol. O homem queria pular de Fernando Diniz para Carlo Ancelotti afirmando que via relação no trabalho dos dois (não tem). Agora ele fecha com Dorival só para fazer cortina de fumaça para o próprio emprego.

Ed pode não entender de futebol, mas entende de política. E foi só por isso que Fernando Diniz perdeu seu segundo emprego. Ed precisava mudar o foco da discussão, estavam falando muito de sua (péssima) administração. No melhor estilo matuto dos dirigentes boleiros, nosso presidente Wonka foi atrás do tal fato novo. Dorival era só a embalagem mais bonitinha disponível na fábrica, nem importa o sabor do chocolate.

Ed Wonka não entende nada de futebol - Eduardo Anizelli - 5.jul.23/Folhapress

A bagunça na fábrica de Ed é tão grande que a Fifa teve que dar uma passada nessa terra futebolística de ninguém para ver o que se passa. A esta altura, este humilde escriba acharia até bacana uma punição da mãe-Fifa, só para ver o parquinho pegar fogo. Algo leve, do tipo "seleção está fora da Copa América e não vai poder aproveitar os outlets nos EUA em 2024".

Sem Lobo, sem Kaiser

Talvez nem Pelé, o maior de todos dentro de campo, era tão associado à seleção brasileira quanto Mario Jorge Lobo Zagallo (1931-2024). E nenhum nome representou tanto a seleção alemã quanto o de Franz Beckenbauer (1945-2024).

Duas das principais nações futebolísticas do planeta estão de luto com as mortes do velho Lobo e do Kaiser, separadas por dois dias. O primeiro foi campeão da Copa em 1958 e em 1962, como jogador, e em 1970, como técnico. O segundo foi o capitão da Alemanha Ocidental campeã de 1974 e treinador da Alemanha Ocidental campeã de 1990. Depois dos dois, apenas Didier Deschamps conseguiu alcançar a façanha (1998, como jogador, e 2018, como técnico). O ano do futebol começa mais pobre.

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