Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo

O efervescente mercadão de janeiro no futebol

Janela de transferências dá a impressão de que clubes brasilianos são mais opulentos do que realmente são

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Os astros voltaram a se alinhar, e o universo voltou a fazer sentido. Marcos Braz, homem do Flamengo que é vice, finalmente viajou para a Europa na última semana. Que os deuses nos livrem de alguma janela aberta no futebol sem um carimbo europeu no passaporte do VP Braz.

No Flamengo, contratação por Zoom não funciona, e telefone não é um objeto confiável. Sempre é preciso fechar o negócio olho no olho. E Braz, com sua voz sedutora, com seu olhar penetrante e com a chave do cofre, conseguiu contratar o bom lateral uruguaio Viña, ex-Palmeiras, que estava na Roma.

Curioso que a primeira vez que ouvi o nome de Viña nesta janela foi em uma notícia que dizia que o jogador estava sendo oferecido ao Corinthians. De oferecido, o lateral passou a "negociação difícil", mesmo no Flamengo. Mas nada que uma conversa presencial não resolva.

O sedutor Marcos Braz e seu olhar penetrante - Mauro Pimentel - 17.abr.23/AFP

Depois de deixar a Itália, Braz foi para a Espanha comer jamón e tentar repatriar o atacante Luiz Henrique, no Betis. O atacante (se pudesse escolher) preferia voltar ao Fluminense, que não tem o tal do dinheiro. O Corinthians, dizem, também entrou na jogada, acredite se quiser. O problema é que o jovem brasileiro voltou a jogar bem na Espanha, inclusive contra o Barcelona, o que fará o Betis endurecer a venda —mesmo diante do sedutor Braz.

Aliás, precisamos voltar ao Corinthians, do presidente Augustus Melos, homem que não tem plural. A julgar pelas manchetes no maravilhoso mundo online, o Timão é o time duro com mais dinheiro no mercado; ou o time rico mais endividado do mercado.

Em um dia, o clube anuncia um patrocínio milionário. No outro, faz acordo parcelado para pagar dívida com jogador. Em um dia, está tudo certo para contratar o antes emprestado Lucas Veríssimo. No outro, o zagueiro é vendido para o Qatar pelo Benfica, que preferiu a oferta com 1 milhão de euros a mais na conta, e à vista —no Corinthians, tudo é crediário.

A patacoada da vez é com o lateral Matheuzinho, que chegou por empréstimo do Flamengo e já treina com os outros jogadores. Porém Augustus diz agora que falta um detalhezinho (sempre ele). O mandatário exige que o Flamengo inclua no contrato uma cláusula com valor de compra ao fim do empréstimo. Do lado de lá, o rubro-negro não quer incluir a tal opção de compra.

Se pudesse, este escriba humildemente diria ao pequeno Matheus: deixe as malas feitas e perto da porta.

A janela de janeiro é curiosa. Dá a impressão de que os clubes brasilianos são mais opulentos do que realmente são. Isso acontece também porque os europeus não vêm muito por aqui em janeiro. Para eles, o mês é apenas de ajustes ou de remendos (quando time está mal na tabela ou teve contusões inesperadas em alguma posição).

Mundo-Flamengo à parte (além de Viña, não poupou esforços para trazer De la Cruz), quem mais impressionou na janela foram Bahia e Internacional. O primeiro, do grupo City, manteve jogadores pretendidos por outros clubes (Cauly) e fechou com jogadores pretendidos por outros clubes (Caio Alexandre, do Fortaleza). O Inter já levou Hyoran, Robert Renan, Lucas Alario e Borré —que só chega no meio do ano.

O atacante Borré vai reforçar o Internacional - Norberto Duarte - 17.jan.24/AFP

O Atlético Mineiro venceu a briga pelo disputado Gustavo Scarpa e terá agora no elenco o craque do Brasileiro-2021 (Hulk), o craque do Brasileiro-2022 (Scarpa) e o artilheiro do Brasileiro-2023 (Paulinho). Nada mau.

Campeão brasileiro, o Palmeiras teve mais uma vez uma janela discreta, com nomes pontuais, como o volante argentino Aníbal Moreno, mas renovou o contrato do professor Abel. Para o primeiro semestre, deve bastar.

Mas cuidado, até 1º de fevereiro, europeus ainda podem vir farejar alguma pepita por aqui.

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