É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".
Elite, unida, jamais será vencida
Estive na avenida Paulista na tímida passeata do povo da CUT e voltei dois dias depois para a histórica manifestação da elite do povo.
Conclusão: o povo está com a elite. Como, aliás, costuma ser o caso em movimentos históricos de rua do Brasil, como as Diretas Já e o impeachment de Collor.
Mas sempre tem gente que não quer ver a realidade ou precisa mistificá-la com a velha ladainha oportunista das elites contra o povo e vice-versa. Não cola.
Dois dias depois da manifestação de domingo, o Datafolha contabilizou a brutalidade dos fatos: 62% dos brasileiros consideram o governo Dilma ruim ou péssimo e só 13% o aprovam. É uma reprovação ampla, geral e quase irrestrita entre pobres e ricos, de Norte a Sul, dos mais aos menos escolarizados.
O governo Dilma parece mais perto do fim do que do começo. Perdeu o fôlego e a capacidade de liderar já no terceiro mês de mandato. As crises se sucedem em ritmo alucinante. A queda do ministro Cid Gomes, o da pátria educadora, foi um misto de ópera bufa com teatro do absurdo. Quem seria capaz de escrever um roteiro como esse?
Mesmo quem apoia a presidente, dispara críticas, como os sindicalistas atacando o principal pilar de sua segunda gestão até aqui –o inadiável ajuste fiscal.
Diante do abismo, Lula saiu do banco de reservas e convocou as reservas do PT para a luta. Acionou os exércitos de Stédile e da CUT revelando mais um custo Brasil que andava subestimado e que agora ficou mais nítido.
A CUT provou na Paulista que foi um dos melhores investimentos do PT com o dinheiro do povo. Se o petista civil anda envergonhado de defender seu governo, os militantes da CUT vestiram o uniforme vermelho e marcharam pronta e disciplinadamente pela avenida chuvosa.
Lula aprovou e já convocou uma reunião dos dirigentes petistas no final deste mês para "atuar na agenda de mobilização dos movimentos populares em defesa da democracia e das conquistas sociais". Como se alguém fosse contra a democracia e as conquistas sociais –os poucos que defenderam a volta da ditadura no domingo foram invariavelmente vaiados e hostilizados.
Lula sabe que não dá para deixar a condução do governo nas mãos desse governo. O problema é saber até onde está disposto a levar suas tropas.
Uma coisa é certa: a elite, unida, jamais será vencida.
A CUT e o MST promovem marchas desde que foram criados, quase sempre a mando do PT. A elite não saía às ruas desde as Diretas e Collor. Essa é a novidade, essa é a vanguarda do povo. E esse é o grande muro de contenção contra um PT cada vez mais amedrontado e desesperado.
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