Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

Macaco não é o vilão da febre amarela

Crédito: Ilustração Rodrigo Fortes

Os casos estão pipocando nas redes sociais: macacos agredidos, alguns mortos a tiros e a facadas, desde que o aumento de casos de febre amarela tomou o noticiário do país. Até em zoológicos os funcionários viram os animais sendo hostilizados pelos visitantes.

Pelo-amor-de-Deus! A ignorância está na base dessas cenas de maus-tratos. Porque o macaco não transmite a doença.

A exemplo dos humanos, bugios, saguis e outros primatas são vítimas do vírus, levado para lá e para cá pelos mosquitos —o Haemagogus (nas áreas de mata) e, nas cidades, o já conhecido Aedes aegypti (o mesmo da dengue e da chikungunya, que vai ser eleito o inimigo público número um dos secretários de saúde).

Portanto, o combate à doença tem uma premissa simples: não adianta matar o macaco, tem que matar mosquito. Certo, caras prefeituras?

Na verdade, é melhor não matar o macaco, porque ele funciona como sentinela. Como são os primeiros a adoecer, infectados nas matas, os bugios que aparecem mortos sinalizam às autoridades as áreas nas quais elas devem intensificar o combate ao mosquito, pois mostram que, por ali, o vírus está em circulação nas regiões e pode chegar às zonas urbanas.

Matar o macaco, portanto, não é apenas crime ambiental, mas também prejudica o trabalho de prevenção.

Quer se proteger? Tome a vacina e deixe os macacos em paz.

E, se achar um deles doente por aí, não toque no animal. Isole o bicho com uma caixa ou um balde e chame o Centro de Controle de Zoonoses (3397-8955 e 3397-8956; zoonoses@prefeitura.sp.gov.br), da prefeitura, ou a Guarda Civil Metropolitana.

A febre amarela não é transmitida pelo contato com o macaco, mas a raiva, por exemplo, é. E, de fato, a análise dos corpos de muitos dos macacos que têm sido encontrados mortos mostra que eles padeceram de outras doenças.

Em tempo: cães, gatos e outros animais domésticos não pegam o vírus da febre amarela. Primatas são os únicos hospedeiros.

IBAMA (denúncias de agressões a animais silvestres): 0800-618080, de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h.

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