Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

Cães são quatro vezes mais infestados por pulgas e carrapatos no verão

O índice significa um risco maior de transmissão de doenças como a erliquiose

Rodrigo Fortes

Foi o motorista do táxi que me chamou a atenção para o problema. Falante, o rapaz conseguiu levantar boa parte de minha ficha corrida no curto trajeto entre o aeroporto e meu destino em Curitiba. Logo soube que eu era médica veterinária e, então, decidiu tirar algumas dúvidas.

E eram muitas. Daria um livro de perguntas e respostas. Mas uma delas era exatamente se a população de pulgas e carrapatos aumenta no verão ou se era impressão dele de que a cachorra da rua, que a família ajuda a cuidar, fica mais infestada de parasitas nesta época do ano.

“Sim, pulgas e carrapatos adoram o verão!”, respondi prontamente. “Mesmo em cidades mais frescas como Curitiba e São Paulo”, completei.

Sempre soube que esses parasitas podem sobreviver por meses em fases imaturas para concluir o ciclo de vida exatamente nas estações mais quentes e úmidas do ano. Mas em quanto isso aumenta a frequência de animais infestados?

Empurrada pela dúvida do taxista, lá fui eu ao PubMed (o maior banco de dados de artigos médicos do mundo). E descobri que a impressão do rapaz já havia sido cientificamente quantificada.

No estudo mais recente, feito na Europa, os pesquisadores relatam que, no inverno, 5,4% dos cães e 8% dos gatos levados aos consultórios veterinários tinham sinais de infestação por ectoparasitas. No verão, esse universo saltava para 27% dos cães e 35% dos gatos. Isso entre animais europeus e domiciliados. Imagine entre animais de rua em um país tropical!

Queria reencontrar o taxista e responder de forma mais enfática que temos, sim, quatro vezes mais cães infestados por pulgas e carrapatos no verão (o que significa um risco igualmente maior de transmissão de doenças, como a erliquiose). E que o único caminho é aplicar o remedinho.

Mas, enfim, talvez a função da pergunta dele tenha sido me chamar a atenção para algo tão corriqueiro quanto importante. Porque a gente gasta tempo, dinheiro e papel lendo e escrevendo sobre doenças tão complicadas e problemas tão elaborados, enquanto tem cão e gato que ainda morre de picada de pulga e de carrapato.

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