Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

O presidente está de férias?

Governo Bolsonaro é formado por encostados que não só fazem corpo mole na pandemia como exploram o sofrimento alheio

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Penávamos para superar a pior crise econômica já registrada na nossa história quando um vírus mortal chegou, expondo e aprofundando nossas mazelas. A nossa má sorte não parou aí, e aquele que deveria ser o nosso general nessa guerra se mostrou absolutamente inapto para o posto. Bolsonaro é despreparado, ególatra, inconsequente e, não menos pior, folgado.

Enquanto brasileiros têm que lutar diariamente contra o vírus e todas as suas consequências, o presidente vem tendo, em média, apenas uma reunião por semana para tratar da pandemia, segundo documentos entregues pelo governo à CPI da Covid.

De acordo com Pazuello, enquanto ele era ministro da Saúde, só via o chefe uma vez a cada uma ou duas semanas. Segundo ele, a agenda de Bolsonaro seria complicada, o que contradiz o que vemos na agenda oficial: na última quarta-feira, por exemplo, o presidente trabalhou só uma hora e meia.

Bolsonaro gastou R$ 18,4 milhões em viagens a comícios na pandemia, 90% dos quais causaram aglomerações. Seus 18 dias de férias no litoral de São Paulo e Santa Catarina custaram R$ 2,3 milhões aos cofres públicos, no momento em que Manaus começava a dar indícios de colapso.

Não fosse suficiente, enquanto os índices de desemprego batem recordes e os salários dos servidores continuam congelados, o presidente aumentou a própria remuneração, a de seu vice e a de seus ministros militares, com vencimentos que ultrapassam R$ 66,4 mil. Esse é o mesmo Bolsonaro que, em 27 anos como deputado, aprovou apenas dois projetos de lei, mas empregou toda a família para ganhar e desviar dinheiro público.

Em artigo recente na revista Piauí, o cientista político Miguel Lago cunhou o termo "encostados", que, em suas palavras, são aqueles que sempre tentam levar alguma vantagem. O oposto disso, de acordo com Lago, são os batalhadores.

Trabalhadores da saúde estão há mais de um ano sem uma semana sequer de descanso. Entregadores de aplicativo têm em suas motos um instrumento diário de trabalho, não de passeio. Empreendedores ralam para fechar as contas, isso quando não vêm seus negócios falir. Mães solos, sem um auxílio digno, se viram como podem, colocando suas vidas e as de seus familiares constantemente em risco.

Essa versão piorada do Zé Carioca chegou ao mais alto cargo do país, mas isso não muda o fato de que, apesar dos espertalhões, o Brasil é, em sua imensa maioria, formado por batalhadores. E eu não tenho dúvidas de que, quando todos perceberem que aquele que só sabe fazer corpo mole é o grande responsável pelo nosso sofrimento, não haverá malandragem que o sustente em seu cargo.

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Sem máscara, Bolsonaro cumprimenta pessoas em Maceió (AL) - Alan Santos/PR

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