Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral
Descrição de chapéu machismo

O vírus do machismo

Desemprego e violência doméstica contra mulheres aumentaram na pandemia

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Carla, de apenas 12 anos, precisou cuidar dos irmãos quando as aulas foram suspensas. No entanto, não demorou para que sua mãe, que é diarista, fosse dispensada e as duas tivessem que ir para o sinal vender chicletes.

Os planos de lua de mel de Alice viraram pó com o início da pandemia. Por ser técnica de enfermagem, suas férias foram suspensas. Rapidamente, sua vida virou um pesadelo: de dia, as UTIs lotadas; de noite, as agressões do marido.

Faltava pouco para que Karina concluísse o doutorado, mas, com três filhos pequenos tendo aulas online, ela se viu forçada a deixar sua pesquisa de lado. Seu companheiro, no entanto, publicou cinco artigos e recebeu uma promoção.

Os dados sobre o impacto da pandemia na vida das mulheres mostram que essas histórias estão longe de serem fictícias.

No Brasil, 11,5 milhões de mães solos têm uma jornada tripla, com o trabalho e o cuidado dos filhos e da casa. Segundo o Instituto Locomotiva, 57% delas vivem abaixo da linha da pobreza. O mesmo instituto apontou que, com a crise, 45% dos 6,5 milhões de trabalhadoras domésticas do país foram dispensadas sem pagamento.

Assim como o desemprego, a violência doméstica também aumentou. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em abril de 2020 o número de denúncias recebidas pelo canal 180 foi quase 40% maior do que no mesmo mês de 2019. Mais uma vez, mulheres negras são as mais afetadas.
Pesquisas mostraram ainda que a produção científica feminina caiu abruptamente com a pandemia, o que não se verificou com os homens.

O Dia Internacional da Mulher é um dia de celebração das nossas conquistas, mas também de reafirmação da nossa luta pela igualdade. Essa luta é não só um dos pilares do meu mandato como um propósito de vida. No Congresso, trabalho para aprovarmos a reserva de vagas para mulheres no Legislativo, assim como medidas de enfrentamento à pobreza menstrual e à desigualdade no mercado de trabalho.

Além disso, no último ano, foquei meus esforços na mitigação dos efeitos da pandemia sobre as mulheres. Ao lado de outros parlamentares e de representantes da sociedade civil, trabalhei para que mães solos tivessem direito ao dobro do valor no auxílio emergencial. Sou coautora da lei 14.022/2020, que criou medidas de combate à violência contra a mulher na pandemia, e fui relatora do PL 123/2020, aprovado na Câmara, que garante recursos para esse enfrentamento.

A esperança é saber que não luto sozinha. Homens e mulheres batalham, todos os dias e a seu modo, para que ser mulher já não represente um fardo tão pesado. Só assim nossas meninas poderão sonhar sem limites.

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