Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Tostão

Após a eliminação da Espanha na primeira fase do Mundial de 2014, os apressados disseram que era o fim de uma grande geração. Piqué, Sergio Ramos, Busquets e Iniesta continuam brilhando no Barcelona e no Real Madrid. De Gea, Carvajal, Jordi Alba, Thiago Alcântara, Isco, David Silva e Asensio são destaques nas melhores equipes do mundo. Diego Costa é artilheiro.

A ideia espanhola, de troca de passes e de infiltrações no momento certo, continua viva. Faltava um Tite espanhol para rejuvenescê-la e aprimorá-la, como ocorreu com o jovem Lopetegui, que foi técnico campeão mundial nas categorias de base e que tem menos de dois anos de trabalho na seleção principal.

Messi, na tribuna, ao ver o sexto gol da Espanha, foi embora, triste, cabisbaixo. Deve ter pensado que nunca será campeão do mundo. A pequena chance seria se Sampaoli seguisse o modelo de Sabella, técnico na Copa de 2014, de fortalecer bastante o sistema defensivo e contar com o talento de Messi no contra-ataque, sem passar a bola para Higuaín. Porém, Sampaoli está muito mais para o Loco Bielsa do que para o pragmático Sabella.

O problema da Argentina não é apenas coletivo. Fora Messi e alguns ótimos jogadores (Otamendi, Di María, Agüero e até Higuaín), há muitos titulares que são bons em seus times, mas fracos para uma grande seleção. Seria como se vários jogadores convocados por Tite fossem titulares, como Lucas Lima, Diego Souza, Diego, Talisca, Taison, Giuliano, Fágner e outros. Se entrasse um ou outro, não haveria problema, mas, se atuassem vários juntos, enfraqueceria demais a seleção.

Sampaoli, como tantos, confunde habilidade com técnica. Prefere, para a reserva de Messi, o habilidoso Lo Celso, de muitos lances, poucos decisivos, a Dybala, extremamente técnico, de poucos lances, porém, decisivos, como nas extraordinárias finalizações.

A França possui uma ótima geração, mas o time tem altos e baixos. Um dos problemas é o técnico Deschamps, incapaz de escalar, juntos, os melhores. Mbappé só se tornará um grande craque quando passar a jogar mais pelo meio, para aproveitar sua habilidade, técnica e incrível velocidade. Formaria uma ótima dupla de ataque com Griezmann, mas o treinador acha que Mbappé tem de jogar na ponta. Prefere, de centroavante, o grandalhão Giroud.

Mesmo após as duas vitórias, com boas atuações, algumas coisas precisam ser melhoradas na seleção brasileira. Contra a Rússia, na formação com um volante e dois meias ofensivos, apenas o meia Paulinho voltava para marcar. Repito, o espaço, o campo, parecia muito longo para Coutinho avançar e recuar. A Rússia, quando atacava, tinha muita facilidade e criava chances de gol.

Contra a Alemanha, Fernandinho reforçou bastante a marcação no meio-campo. Mesmo assim, a Alemanha, com troca de passes pelos lados, sempre com dois jogadores em cima de um lateral, cruzou várias bolas perigosas da linha de fundo, que passaram muito perto do centroavante. Ainda bem que o Brasil possui dois excelentes zagueiros, pelo alto e pelo chão. Mas, com Müller, que chega muito bem de trás para finalizar, as chances de gol da Alemanha seriam bem maiores.

Além dos fatos que podem ser vistos, analisados, esmiuçados, informatizados, existem os que são invisíveis, que moram ao lado e que só se revelam após o fato consumado.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.