Brasil vence Alemanha e começa esquecer o 7 a 1

Time tem boa atuação em Berlim, apesar de vitória magra por 1 a 0 e sufoco no fim do jogo

Igor Gielow Guilherme Magalhães
Berlim

O Brasil sem Neymar derrotou uma desfalcada Alemanha por 1 a 0 nesta terça (27) em Berlim, ajudando a afastar o “fantasminha” que segundo o técnico Tite assombrava o time desde o último encontro entre as seleções.

Não para menos: há três anos, oito meses e 20 dias os alemães aplicavam o 7 a 1 na semifinal da Copa de 2014, no Mineirão, a maior derrota brasileira em Mundiais.

Se o país era outro daquele traumatizado pela derrota na final de 1950 e a tragédia já virara meme na internet ao fim do primeiro tempo, a marca era presente.

Foi a primeira vitória de Tite sobre um dos favoritos incontestáveis ao título na Copa da Rússia, que começa em junho. Antes, havia derrotado a Argentina nas eliminatórias, mas o 6 a 1 que o time sem o protagonista Messi levou da Espanha, nesta terça, coloca dúvidas sobre seu status.

Mais importante, o Brasil convenceu durante boa parte do jogo, com a defesa estruturada na segunda etapa e boas oportunidades no ataque. Apesar de a Alemanha ter mais posse de bola (58% a 42%), o Brasil chutou três vezes a gol, contra uma da Alemanha.

Não cabe, contudo, superestimar o resultado, não menos por não ser um jogo de Copa, quanto mais uma semifinal. O Brasil usou uma de suas formações titulares para o Mundial, com a óbvia e insubstituível ausência do astro Neymar, lesionado.

Já os campeões mundiais entraram em campo com um time sem algumas de suas estrelas mais experientes, como Özil e Müller, dispensados para descansar.

Kroos, contudo, estava presente e não foi efetivo. A nova geração escalada por Löw marcou duramente, mas uma escolha foi fatal: a de Trapp.

Terceiro goleiro do time, ele falhou de forma bizarra no gol brasileiro, marcado por Gabriel Jesus aos 37 min da primeira etapa.

Com a derrota, caiu a invencibilidade alemã de 22 jogos desde julho de 2016.

“Hoje provamos para nós mesmos que estamos preparados sim pra encarar dificuldades no futebol”, disse Gabriel Jesus, que nem sequer era profissional em 2014. 

Em campo havia sete remanescentes do embate de 2014. Do lado brasileiro, Paulinho, Fernandinho, Willian e Marcelo —os dois últimos tiveram muito boa atuação.

Na Alemanha, Draxler, Kroos e o capitão Boateng. Apenas os dois últimos e Kimmich são nomes certos no time titular de Löw.

O primeiro tempo começou cauteloso. As chances surgiam de lado a lado, e a Alemanha teve quatro impedimentos marcados —contra um do Brasil. Além de adiantar a marcação, a seleção buscou evitar os chutões na saída de bola. Fernandinho, que entrou justamente para fazer o papel de articulação nesse ponto, acabou se embolando um tanto com Casemiro.

Philippe Coutinho estava em boa noite, muito superior à atuação contra a Rússia na sexta-feira (23), quando o Brasil ganhou por 3 a 0.

Na direita, Willian fazia grandes jogadas, mas estava muito isolado. Já Gabriel Jesus levou pouco perigo, perdendo um gol aos 36 min.

Um minuto depois, Willian fez cruzamento preciso para Jesus cabecear no meio do gol. Trapp espalmou sem jeito a bola para trás, permitindo a abertura do placar.

O segundo tempo viu a Alemanha com mais pressão, mas também mais aberta. Löw foi o primeiro a mexer no time, fazendo quatro alterações buscando maior ofensividade.

Aos 28 min, Tite fez sua primeira e única mudança: Coutinho foi sacado para ser poupado e Douglas Costa entrou —pouco depois, deu uma incrível disparada pela esquerda.

Com a defesa brasileira em boa forma, restou à Alemanha apostar num bombardeio que lembrou a fama pretérita do time nos anos 1980, com diversos cruzamentos e bolas aéreas na grande área.

Nos últimos dez minutos, houve sufoco na meta brasileira. O capitão Daniel Alves teve atuação apagada, levando várias bolas nas costas de Sané no primeiro tempo. Sem substituto óbvio, no entanto, segue firme na posição. 

O jogo foi o último antes da convocação para a Copa do Mundo, e Tite disse que ainda tem “muitas dúvidas”.

O Estádio Olímpico de Berlim, com capacidade para 75 mil pessoas, recebeu 72.717 torcedores, apesar do frio de 4°C na capital alemã. 

Não foi perceptível nenhum incidente entre torcidas envolvendo provocações relativas ao 7 a 1.

Termômetro do jogo

Levantamento realizado pela Folha mostrou o comportamento dos torcedores no Twitter durante o amistoso entre Brasil e Alemanha desta terça (27).

Para analisar a reação dos internautas, a reportagem levou em consideração 68.575 tuítes relacionados à partida. A cada cinco minutos, um robô desenvolvido pela reportagem coletou e analisou mensagens em que aparecia a palavra "Brasil".

Os tuítes foram identificados pela hora de publicação e agrupados em 3 categorias: positivos, negativos e neutros. Para a análise, só os tuítes positivos e negativos foram considerados

Confira o resultado:

 

Levantamento de dados: Judite Cypreste e Thiago Almeida

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