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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Não basta jogar bem e encantar

Não podemos sair do resultadismo para o oposto e se contentar só com a beleza

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Por causa das derrotas do Flamengo, para o Peñarol no Maracanã e para a LDU em Quito, das atuações muito aquém da fama dos jogadores, das duras críticas aos atletas e, principalmente, ao técnico Abel Braga e pela tradição do adversário, ainda mais em casa, criou-se um pânico, uma enorme expectativa negativa antes do jogo desta quarta-feira (8), como se o Flamengo fosse para uma guerra perdida, para o juízo final.

As chances de se classificar são boas, pois joga pelo empate, a não ser que tenha uma enorme instabilidade emocional, o que é comum nos times brasileiros nesses momentos.

Acho Abel Braga um técnico comum, igual à maioria dos treinadores brasileiros, mas não há razão para críticas tão massacrantes, para triturá-lo e transformá-lo em um vilão, culpado de tudo. Os jogadores do Flamengo são bons, mas nem tanto. Criaram uma enorme expectativa, muito maior que a realidade.

Apesar de várias boas atuações do ataque, Abel, para escalar Arrascaeta, pedido pela maioria, tem colocado outros jogadores fora das posições em que atuam melhor.

Bruno Henrique sempre se destacou da esquerda para o centro, e não na posição de centroavante, apesar de fazer muitos gols. Gabigol é um grande finalizador e deveria atuar mais perto do gol, e não pela direita. Éverton Ribeiro sempre atuou bem da direita para o centro, e não pela esquerda. Arrascaeta não é um armador, para fazer a mesma função de Diego. O time poderia estar melhor.

No fim de semana, pelo Brasileiro, houve uma deliciosa partida, a vitória do Fluminense, por 5 a 4, sobre o Grêmio. Foi um excelente jogo para fazer crianças gostarem de futebol.

Tantos gols ocorreram por causa da coragem dos treinadores, pelos erros dos dois sistemas defensivos e pelo acaso. Poderia ter sido um placar ainda maior, pelos gols perdidos. Há partidas com inúmeras chances de gol e que terminam 0 a 0, enquanto em outras são aproveitadas todas as oportunidades.

Noto que aumentou a preocupação no Brasil com a maneira de jogar e com a qualidade do futebol. Os 5 a 4 contribuem para isso. Sampaoli é um catalisador desse novo momento. Não basta jogar bem e encantar.

Não podemos sair do resultadismo para o oposto, tratar o futebol somente como entretenimento, diversão, e se contentar apenas com a beleza do jogo. O torcedor também quer vencer.

Aumentaram as críticas ao excesso de chutões, de bolas longas, aéreas, de grandes espaços entre os setores e à prática de recuar para contra-atacar. Os times brasileiros, timidamente, começaram a marcar também por pressão, desde a saída de bola do goleiro.

O Palmeiras, que não gosta de ficar muito com a bola, de trocar passes, contraditoriamente, é a equipe que mais pressiona para recuperá-la. Mano Menezes anunciou que vai tentar escalar, desde o início, Rodriguinho e Thiago Neves. Seria uma ironia do técnico? O torcedor do Cruzeiro critica a postura do time, de jogar com mais segurança, mas gosta, sabe que dá resultado.

Todos que trabalham no futebol, em vários setores, deveriam refletir e reconhecer as virtudes, os acertos, os erros e as próprias limitações. Somos muito mais sábios do que imaginamos e muito mais ignorantes do que percebemos.

Histórico

Futebol não é apenas técnica, físico, habilidade e criatividade. É também emoção. O Liverpool fez tudo isso. A vitória por 4 a 0 sobre o Barcelona foi uma conquista da alma, que transbordou e inundou o corpo.

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