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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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A ótima partida entre Atlético e Flamengo continua em minha imaginação

Sem tumultos e equilibrado, o jogo ainda não terminou. Mas houve também deficiências

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O futebol, a cada semana, me impressiona pela diversidade, pelas variações técnicas e táticas, pela riqueza de detalhes, pelos imprevistos, pela intensidade e pela emoção. Não há verdades definitivas nem uma única lógica, pois muitas se cruzam e se complementam.

A ótima partida entre Atlético e Flamengo, sem tumultos, equilibrada, ainda não terminou. Continua em minha imaginação. Foi muito boa, mas houve também deficiências.

Como é habitual no futebol brasileiro, faltaram às duas equipes pressão para recuperar a bola e houve muita distância entre os setores. O meio-campo avançava, e os zagueiros continuavam lá atrás. Assim, o Atlético trocou passes livremente, de uma intermediária à outra, para Arana finalizar de fora da área, com os zagueiros colados à grande área. No gol de Bruno Henrique, o Flamengo saiu com a bola do próprio campo, trocando passes, até fazer o gol de dentro da área adversária, com os zagueiros muito recuados.

A incerteza, antes da cobrança de cada um dos 24 pênaltis, que poderiam gerar 24 histórias diferentes, é uma síntese da pluralidade técnica e emocional de um jogo de futebol.

Atlético venceu o Flamengo nos pênaltis para ficar com o título da Supercopa do Brasil
Atlético venceu o Flamengo nos pênaltis para ficar com o título da Supercopa do Brasil - Adriano Machado - 20.fev.2022/Reuters

Existe um chavão, que deve ser do início do futebol, há quase 150 anos, e que continua atual, que cada jogo tem sua história.

O PSG, que massacrou o Real Madrid, foi acuado pelo Manchester City nos dois jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. O time francês, depois de atuar muito bem e ganhar do Real, jogou muito mal e perdeu para o Nantes, pelo Campeonato Francês. Já o Real, que tinha jogado muito mal e perdido para o PSG, teve uma ótima atuação na vitória sobre o Levante.

Mesmo as grandes equipes, com exceção de Manchester City e Liverpool, que jogam sempre pressionando o adversário, alternam a estratégia de marcar mais adiantado e mais recuado. Flamengo e Atlético fizeram também o mesmo. City e o Liverpool sabem dos riscos de levar contra-ataques. Assim, o Tottenham ganhou do Manchester City, que não perdia há quatro meses, no contra-ataque, graças ao talento de Harry Kane. Como é bom ver centroavantes como Kane e Benzema, que, além de marcarem muitos gols, se movimentam, articulam jogadas e dão excelentes passes para gols.

As equipes, em todo o mundo, alternam boas e más atuações. O São Paulo, que estava sendo muito criticado por cruzar 60 bolas para a área e não fazer um gol, marcou três contra o Santos, que deixava enormes espaços na defesa.

Eder comemora o primeiro gol do São Paulo sobre o Santos, na Vila Belmiro
Eder comemora o primeiro gol do São Paulo sobre o Santos, na Vila Belmiro - Raul Baretta - 20.fev.2022/Agencia Enquadrar/Agencia O Globo

Rogério Ceni justificou, com certa razão, que, contra times pequenos que marcam muito atrás, a equipe acaba cruzando demais a bola na área, como fazem também os grandes times do mundo. É verdade, mas os cruzamentos do São Paulo, que partem da intermediária, são muito mais frequentes. Os grandes times europeus, contra defesas fechadas, usam muito as triangulações pelos lados e cruzamentos da linha e fundo, pelo chão e pelo alto. As estatísticas não mostram essa diferença.

O São Paulo melhorou quando entrou o jovem meio-campista Rodrigo Nestor no lugar do meia-atacante Igor Gomes. O time tinha um no meio-campo e cinco no ataque. Com Nestor, ficou mais bem dividido. Muitas pessoas que trabalham no futebol ainda não conseguem separar meias-atacantes, meias de ligação e meio-campistas. Colocam todos no mesmo saco.

O futebol é um jogo de planejamento e de imprevistos, construído e inventado. A ciência é fundamental, mas a tentativa de explicar tudo o que acontece é uma ilusão. A bola entra também por acaso.

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