O futebol vive um fascínio pela intensidade, a capacidade de defender e de atacar, de ir e de voltar com rapidez e vibração. É uma característica importante, mas só isso não basta. É necessário haver aproximação, mais troca de passes, fantasia, inventividade e lucidez para fazer as escolhas certas. O conteúdo é mais importante que a forma.
No meio de semana, vi alguns times intensos, mas com inúmeros problemas individuais e coletivos. O São Paulo, como sempre, jogou com dois blocos separados. Como o volante fazia parte da turma de trás e o meio-campista passava todo o jogo correndo no ataque, não havia lucidez e aproximação para a construção de jogadas no meio-campo. O mesmo ocorreu com o Atlético, contra o Athletico, quando tinha apenas um jogador no meio-campo, o volante Allan, como observou, durante a partida, o comentarista Roger Flores.
O Corinthians possui uma linha de três no meio-campo e outra de três no ataque, mas não há conexão entre elas. Os pontas são fixos, e o centroavante joga isolado.
A intensidade pode ocorrer com diferentes estratégias. O Manchester City é uma equipe intensa, com muita troca curta de passes, de uma área à outra. O Liverpool é intenso, com poucos toques de bola para chegar ao gol e muita inversão de jogadas. O Fluminense se parece com o Manchester City, e o Palmeiras, com o Liverpool.
A antiga máxima de que o que corre a bola e não o jogador está obsoleta, uma gostosa lembrança. Por outro lado, dizer que, no futebol moderno, o melhor time é o mais intenso, o que corre mais, de acordo com as estatísticas, é um conceito simplório e medíocre. O jogador e a bola correm juntos.
A final dos sonhos
Independentemente da fragilidade dos adversários, Neymar e Messi deram show nas duas últimas partidas do PSG. Percebi, pela postura dos dois antes e durante as partidas, pela movimentação e velocidade durante o jogo e pela gana de ambos em entrar em forma e brilhar na Copa, que aumentaram as chances de Brasil e Argentina no Mundial.
Nos dois jogos, Neymar atuou na frente e da esquerda para o centro, como fazia no Barcelona, ao lado de Messi, e como jogava no início da carreira no Santos, sem precisar voltar para marcar pela esquerda, função do ala, que defende e ataca pelo lado, no esquema com três zagueiros. Messi jogou como sempre faz, do meio-campo até o gol, pelo centro e por todos os lados.
Mbappé, contundido, ficou fora. Quando entrar, começam os problemas de posicionamento, como na temporada anterior. Mbappé gosta de atuar como Neymar, na frente, da esquerda para o centro. Com isso, Neymar deve jogar mais centralizado, na frente ou voltando para receber a bola, como um meia de ligação. Prefiro Neymar mais perto do gol.
Na seleção brasileira, Neymar deve jogar pelo centro, mais adiantado, com Paquetá próximo a ele, vindo de trás, além de dois pontas que atacam e defendem e de dois volantes no meio-campo. Se Tite optar por um centroavante, Neymar recua e deve sair Paquetá, que pode ser uma opção pelos lados ou mais recuado, no lugar de Fred.
Neymar e Messi sonham todos os dias com a conquista da Copa do Mundo. Como Brasil e Argentina estão no nível das outras seleções candidatas ao título, não será surpresa se os dois se encontrarem nas fases avançadas da competição. Seria a final dos sonhos. Já imaginou?
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