Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Atuação de Messi é uma celebração de semelhanças entre o craque e o homem

Os dois são minimalistas, de poucas palavras, sem exageros, sem desperdícios

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Terminou a Copa. Já estou com saudade. Ela foi emocionante, brilhante, fascinante, melhor do que eu esperava, com a presença dos dois maiores jogadores do mundo na final. Em campo, senti apenas a falta de maior pressão para recuperar a bola, uma das características dos grandes times do futebol mundial. Aliás, o Brasil fez isso muito bem, tão bem que, paradoxalmente, no lance do gol da Croácia, o time tentou tomar a bola no campo adversário. Daí, todos sabem o fim.

A extraordinária atuação de Messi, o maior jogador do mundo nos últimos 50 anos, é um retrato, uma celebração de semelhanças entre o craque e o homem, pela sobriedade e concisão. Os dois são minimalistas, de poucas palavras, sem exageros, sem desperdícios. Messi andava em campo, distraído, discreto, como se não fosse importante, como na vida, à espera do momento certo de executar, com extrema técnica, o que desejava.

Messi não maradoniou, como dizem. Os dois continuam bem diferentes. Apenas ficou mais seguro, mais alegre ou menos triste, com a possibilidade de conquistar o sonho de ser campeão do mundo pela Argentina. Messi, como Pelé, na Copa de 1970, preparou-se bastante para brilhar e ser um eterno campeão. Os companheiros de Messi, como os de Pelé, tiveram, além da admiração e da solidariedade, a consciência de que era preciso ajudá-lo, pois, assim, todos ganhariam com o sucesso dele.

A extraordinária atuação de Messi tem sobriedade e concisão - Pan Yulong/Xinhua

A Argentina, dirigida por um jovem, em seu primeiro trabalho como treinador, destruiu lugares-comuns, como o de que o técnico de uma grande seleção precisa ter experiência e títulos e o de que, antes da Copa, é necessário definir a estratégia e algumas poucas opções.

Scaloni, com a ajuda dos auxiliares, jogou cada partida de uma maneira diferente, de acordo com o adversário, como se fosse a última. Surpreendeu até na final, pois, enquanto todos esperavam que, se Di María fosse escalado, seria pela direita, colocou-o pela esquerda, para aproveitar a fragilidade do lateral direito francês.

Antes do Mundial, elogiei bastante Tite e a comissão técnica e relatei também, várias vezes, minhas preocupações. Uma delas era a de que a seleção, por ter poucos jogadores no meio-campo, poderia ter enormes dificuldades contra fortes adversários que reunissem vários jogadores no setor e que gostassem de ficar com a bola. Foi o que ocorreu contra a Croácia e o que provavelmente se repetiria se o Brasil enfrentasse Argentina, França, Inglaterra ou Espanha.

Outra preocupação era a de que, por melhor que tenha sido o trabalho de Tite e da comissão técnica, que pensaram e treinaram inúmeras opções e escalações, poderia ter dificuldades diante do imprevisto, como a sucessão de detalhes que aconteceram no gol da Croácia. Isso vale para todos os técnicos, não apenas para Tite.

Além disso, por causa do gol sofrido nos últimos minutos da prorrogação, o Brasil ficou abalado, com medo coletivo desproporcional da derrota, o que se refletiu nas cobranças de pênalti.

Qual deve ser o novo treinador da seleção? Imagino que deveria ser um brasileiro, que trabalhasse, há bastante tempo, em um dos grandes clubes da Europa, próximo aos melhores jogadores do Brasil e de outros países. Como não existe esse treinador, pode ser um brasileiro ou um estrangeiro, desde que seja eficiente e independente. Ou o melhor seria ter um jovem técnico, sem vícios, aberto para o mundo, como Scaloni? O futebol não tem verdade definitiva. É um caos organizado.

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