Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Sandro Macedo

Vítor Pereira chega ao Flamengo, feliz e gago

Time tem muitos desafios em 2023, ele disse; e o Corinthians tem o quê? Brincadeiras e travessuras?

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Nenhum homem é uma ilha", já dizia o poeta inglês que este escriba nunca lembra o nome —mas sempre acho que foi proferida pelo Dr. House, da série de TV.

Esta coluna, que às vezes (poucas) também é cultura, começa com essa citação para dizer que ela poderia ser replicada no futebol. "Nenhum time é uma ilha." Mas como toda regra tem exceção, podemos afirmar que o Flamengo é, sim, uma ilha.

Torcedores do Flamengo celebram o título da Copa Libertadores, no Rio de Janeiro - Lucas Landau - 13.nov.2022/Reuters

Ou pelo menos é assim que os gestores atuais do time mais rico do Brasil conduzem a equipe.

Só isso explica o fato de o clube marcar a primeira entrevista coletiva de Vítor Pereira no horário do sepultamento de Pelé, maior jogador de futebol de todos os tempos. Sensibilidade de um elefante brincando com um mastodonte na loja de porcelana.

Já a entrevista coletiva foi um show de bizarrices. O Flamengo chegou a proibir jornalistas de fazerem perguntas sobre o Corinthians após a primeira resposta do míster.

Nem a assessoria da seleção francesa proibiu a imprensa de questionar Didier Deschamps sobre Benzema durante a Copa. No Qatar, o repórter perguntava e o técnico bufava e encerrava o assunto. E mesmo sabendo o que viria, outro repórter tentava arrancar algo de monsieur Deschamps, só para levar outra bufada. Mas essa é a dinâmica. Sem censura.

Quando era técnico do Corinthians, VP já tinha dado uma palhinha do que era capaz de fazer diante de jornalistas. Falou sobre sonhos (ser técnico do Liverpool), sobre finanças ("sabe quanto tenho no banco?") e sobre lealdade ("Corinthians uma vez, corintiano para sempre", mas essa foi nas redes sociais).

Vítor Pereira, em agosto de 2022, quando dirigia o Corinthians, em partida contra o Flamengo, seu atual clube - Nelson Almeida - 2.ago.2022/AFP

Desta vez, conhecemos uma nova faceta de VP, o lado gago. Estava feliz, mas gago. Nunca este colunista tinha presenciado o professor luso tão desconcertado para falar sobre um assunto —no caso, a opção pelo Flamengo após dizer que o único motivo para não renovar com o Corinthians era uma questão pessoal… no caso, a sogra.

Também ficou meio, digamos, deselegante, o míster não proferir o nome do Corinthians, citando apenas "o clube anterior" na sua "verdade".

Os leitores e leitoras corintianos que me perdoem, mas Vítor Pereira deu voltas para explicar o que é muito simples. Era só usar a mesma lógica dos primeiros anos do ensino fundamental para as crianças, com sinal de "maior" ou "menor".

VP podia levar apenas uma lousa e escrever: Corinthians < Sogra; ou Flamengo > Sogra > Corinthians; ou, a mais dolorida, Flamengo > > > Corinthians (é um muuuuito maior; pelo menos no entendimento do míster).

O míster comentou, entre outras coisas, que o Flamengo tem um ano de muitos desafios. E o Corinthians tinha o quê? Brincadeiras e travessuras?

A escolha de Vítor simplesmente escancara a diferença do Flamengo para os outros times. Se o Corinthians não tem o segundo orçamento do Brasil, certamente está no top 5, mas isso não faz cócegas no atual poderio rubro-negro.

VP antes era cobrado para fazer um bom trabalho. Agora, tal qual acontece com os técnicos de Bayern ou PSG, tem a obrigação de títulos em território nacional —e jogando bonito. Será o técnico mais cobrado do Brasil, mas vai ganhar para isso (sabe quanto tem na conta bancária dele?).

Por fim, duas dicas de filmes para Vítor Pereira —que disse que nunca mentiu— assistir no dia que não der praia.

1) "Pinóquio", nova versão que mistura atores (Tom Hanks é Gepeto) e computação gráfica para contar a história do boneco de madeira que deseja virar um menino, mas seu nariz cresce toda vez que mente. Disponível na Disney+;

Tom Hanks as Geppetto in PINOCCHIO, exclusively on Disney+. Photo courtesy of Disney Enterprises, Inc. © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.
Tom Hanks como Gepeto em "Pinóquio" - Disney Plus/Divulgação

2) "Pinóquio", de Guillermo del Toro, que usa a técnica de stop-motion para contar a história do boneco de madeira que deseja virar um menino, mas seu nariz cresce toda vez que ele mente. Mas esse é mais sombrio, melhor ver só em dia de derrota. Disponível na Netflix.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.