Seja qual forem a atuação e o resultado neste sábado (11), na disputa pelo terceiro lugar no Mundial de Clubes, Vítor Pereira tem de resolver o dilema se escala o Flamengo do jeito de que gostaria, com um jogador de cada lado que marca e ataca, ou se mantém os quatro melhores da frente (Gabigol, Pedro, Arrascaeta e Everton Ribeiro), porém com mudanças de posicionamento e de funções.
Com Dorival Júnior, o time jogava com um volante mais centralizado e recuado, com um meio-campista de cada lado e com Arrascaeta no vértice do losango, próximo aos dois atacantes, Gabigol e Pedro. Vítor Pereira, que já tinha mudado a maneira de jogar contra o Palmeiras e em outros jogos, escalou Arrascaeta pela esquerda e Everton Ribeiro pela direita. O time não melhorou defensivamente e piorou no ataque, já que os dois ficaram muito separados e longe dos dois atacantes.
Colocar a troca de técnicos ou a ausência do ótimo João Gomes, como se ele fosse um craque mundial, como as causas da eliminação diante do Al Hilal é simplificar demais. O Flamengo tem um excelente time. Junto com o Palmeiras, é o melhor do Brasil, porém os dois são muito bons para o futebol que se joga no país e na América do Sul.
A vida e o futebol se repetem. No Mundial de 1994, Parreira escalou dois jogadores pelos lados para marcar junto com os dois volantes. Zinho, pela esquerda, fez isso muito bem. Já Raí, acostumado a atuar pelo centro e próximo à área, como Arrascaeta faz no Flamengo, foi muito mal e substituído pelo volante Mazinho, que se descolou para a direita.
O Brasil, por jogar à moda inglesa, com duas linhas de quatro, com dois atacantes e sem um meia de ligação, camisa 10, ganhou, mas foi criticado por não praticar um futebol brilhante, o que é injusto. A equipe foi campeã porque tinha um sistema defensivo excepcional, excelentes jogadores em todas as posições e o genial centroavante Romário.
Na Copa de 2006, 12 anos depois, Parreira repetiu o esquema, ao escalar Ronaldinho Gaúcho pela esquerda e Kaká pela direita, os dois com funções também de marcação. Ronaldinho e Kaká eram magistrais em seus clubes, jogando de uma maneira bem diferente. Ronaldinho atuava pela esquerda, porém bem adiantado, sem voltar para marcar e entrando em diagonal pelo meio. Kaká chegou a ser o melhor do mundo jogando como meia-atacante, pelo centro, próximo à área.
Prefiro os esquemas táticos mais móveis, com jogadores mudando de posição em campo, do que os esquemas muito simples, como o do Brasil na Copa de 2022, com os dois pontas bem abertos (Vinicius Junior e Raphinha) e o centroavante fixo (Richarlison). Essa formação é mais fácil de marcar.
Independentemente da atuação e do resultado deste sábado, o Real Madrid joga também com dois jogadores pelos lados e um centroavante, mas de uma maneira diferente. Benzema volta para receber a bola como um meia de ligação, abrindo espaços para os dois jogadores pelos lados entrarem em diagonal e fazerem gols, especialmente Vinicius Junior. Essa estratégia é uma das razões do crescimento de Vinicius no Real Madrid e no futebol mundial.
O Manchester City, nos melhores momentos, é o time que mais fascina no mundo, pela maneira de jogar. Os atletas se movimentam tanto que é difícil para o comentarista ou para o torcedor desenhar o esquema tático na prancheta. Parece mais o 2-3-5 do início do futebol no mundo, há quase 150 anos. A vida e o futebol se repetem.
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