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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O talento mora nos detalhes

Futebol brasileiro vide há décadas de espasmos, goleadas e shows esporádicos

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A seleção brasileira enfrentará na quinta-feira (16) a Colômbia e, na terça-feira (21), a Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Fernando Diniz deve manter a formação utilizada nos quatros últimos jogos, com uma linha de quatro defensores, dois no meio campo, dois pelos lados e uma dupla de atacantes pelo meio. Um deles, certamente, será Rodrygo. Endryck pode ser seu companheiro. Endryck e Vitor Roque, contundido, são grandes esperanças. Os dois jovens deveriam formar a dupla de atacantes nas olimpíadas.

O futebol brasileiro, há décadas, desde as categorias de base, vive de espasmos, de goleadas e de shows esporádicos promovidos por atacantes hábeis, dribladores, velozes, que jogam pelos lados e pelo centro. A priorização excessiva desse tipo de jogador em detrimento dos meios campistas criativos, organizadores, lúcidos, que gostam do domínio da bola e do jogo, diminui a qualidade do nosso futebol. O Brasil precisa do drible e do passe, da visão e antevisão dos lances, da ação e do pensamento.

O jogador Endrick, do Palmeiras, em jogo contra o Botafogo - Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

Vinicius Junior e Rodrygo têm atuado no Real Madrid de uma maneira diferente da seleção e mesmo da do Real, na época de Benzema. Antes os dois eram pontas. Agora formam uma dupla de atacantes pelo meio, próximos, embora Vinicius goste de jogar da esquerda para o centro e Rodrygo da direita para o meio. Os dois se encontram perto da área e do gol. É o que acontecia nos melhores momentos do Flamengo, quando jogavam Bruno Henrique e Gabigol.

Rodrygo em jogo do Real Madrid contra o Valência - Isabel Infantes/Reuters

O Real Madrid possui uma linha de três meio-campistas e mais um quarto, Bellingham, que se aproxima de Vinicius e Rodrygo e que volta para marcar pela esquerda, formando uma linha de quatro no meio campo. Raphael Veiga, no Palmeiras, joga de uma maneira parecida.

Paquetá não tem sido convocado por causa das investigações na Inglaterra sobre uma possível participação em bolsas de apostas esportivas. Ele continua jogando, cada vez melhor, pelo seu time. Ele atua na mesma posição de Bellingham no Real Madrid. Noto uma preocupação do presidente da CBF (o que é louvável) de demonstrar que não tem nada a ver com a pilantragem que ocorreu na entidade durante décadas.

As duplas de atacantes, que eram habituais e famosas no passado, estão na moda. Além de Vinicius e Rodrygo, o Atlético-MG têm Paulinho e Hulk, o Palmeiras, Endryck e outro atacante. Com a contusão de De Bruyen, Alvarez passou a fazer dupla com Halland no Manchester City. Na seleção argentina, Alvarez é o centroavante, à frente de Messi.

Julian Alvarez em partida da Argentina contra o Paraguai pelas Eliminatórias - Juan Mabromata/AFP

Há vários esquemas táticos e estratégias que funcionam muito bem. O Palmeiras, além da dupla de atacantes, passou a jogar bem e a vencer com três zagueiros e dois alas. Não funcionou bem contra o Flamengo, porque os alas avançavam e deixavam muitos espaços nas suas costas para os velozes pontas do adversário. Esse é um problema frequente nas equipes que jogam com três zagueiros, que tendem a se agrupar pelo meio.

As equipes mais ofensivas não são as que na prancheta possuem mais atacantes, e sim as que marcam por pressão, tentando recuperar a bola mais perto do outro gol. A equipe avança na marcação e os meio-campistas se transformam em atacantes. Manchester City e Bragantino fazem isso muito bem.

Quase todos os treinadores, brasileiros e estrangeiros, conhecem bem os detalhes táticos de suas equipes e os dos adversários. A dificuldade é a falta de ensaios para enfrentar situações inesperadas. O talento mora nos detalhes.

Erramos: o texto foi alterado

A coluna publicada anteriormente neste espaço já havia sido publicada em 4 de novembro. O texto atual é o correto.

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