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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

O futebolês moderno

Prefiro as expressões que são claras, explicativas, facilmente compreendidas

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Para tirar a dúvida de alguns leitores sobre a coluna anterior, a entrevista com Nelson Rodrigues foi uma ficção. Já as palavras que escrevi ditas por ele foram ditas em suas crônicas. Não as inventei.

No Brasil e no mundo, no passado e no presente, pequenas equipes, de vez em quando ganham das grandes, às vezes jogando melhor, pressionando, como fez o Nova Iguaçu, time da série D, contra o Vasco, da série A do Brasileirão. Seria uma zebra?

Toda profissão possui uma linguagem própria, convenções, lugares-comuns que se repetem. O futebolês é rico em palavras, chavões e gírias. Prefiro as expressões que são claras, explicativas, facilmente compreendidas por garotos e pessoas que começam a aprender os detalhes técnicos, táticos e as regras de um jogo. Não basta torcer, é preciso compreender para o futebol ficar mais prazeroso.

No lugar de marcação alta, marcação baixa, ultimo terço do campo e tantos outras frases em moda, prefiro dizer marcação adiantada, recuada, próxima à área e ao gol. O verbo da moda no futebol é entregar, que significaria se o jogador cumpriu bem ou não o que se esperava dele. Acho estranho, pois nunca ouvi alguém fora do futebol usar este verbo com este significado.

A palavra ala deveria ser usada apenas nas equipes que jogam com três zagueiros e usam os alas pelos lados, para defender e atacar. Ala não é lateral nem ponta. Outra expressão da moda é lateral construtor, que funciona como um armador. Prefiro lateral apoiador, como sempre foi, que marca, arma e avança. Os pontas são hoje chamados por muitos de extremos. Tite completou com a expressão extremos desestruturantes, para os pontas rápidos e dribladores. Noto que o treinador tem se policiado nas entrevistas e usado expressões mais comuns. Estou com saudades do Titês.

Tite em jogo do Flamengo no Maracanã - Ricardo Moraes/Reuters

No meio campo, no passado, o armador centralizado que protegia a defesa e iniciava as jogadas de ataque com um ótimo passe era chamado de centro médio, nada mais claro, como existem os centroavantes.

Com o tempo, o centro médio passou a ser chamado de volante, não sei por qual razão, pois a palavra não diz nada. Hoje, as melhores equipes do mundo costumam atuar com o centro médio (volante), além de um armador de cada lado, que marca, organiza e avança como um meia ofensivo. Prefiro chama-los de meio-campistas.

O treinador Ancelotti utiliza várias opções táticas do meio para a frente, mas o time sempre tem um trio de meio-campistas que jogam de uma intermediária à outra. Às vezes o técnico forma um quarteto no meio-campo e deixa dois atacantes rápidos e habilidosos (Vinicius Junior e Rodrygo), mais pelo centro do que pelas pontas.

Carlo Ancelotti, após jogo do Real Madrid em Madri - Juan Medina/Reuters

Essa formação com os dois brasileiros no ataque é uma das varias opções que Dorival Junior poderá usar na seleção nos amistosos, contra a Inglaterra e a Espanha. Provavelmente, o treinador vai utilizar o esquema mais frequente nos times brasileiros, com dois volantes e um meia ofensivo à frente dos dois, além de um centroavante e dois pontas que atacam e voltam para marcar. Assim jogou o Brasil com Tite na última copa.

Apesar do favoritismo da Inglaterra no jogo de sábado, não será uma zebra se o Brasil vencer e jogar bem. Estão na equipe muitos bons jogadores e o Brasil mantém a tradição de uma das grandes seleções do futebol mundial. Tenho esperanças de que a equipe será forte no próximo Mundial, com boas chances de ganhar o título.

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