Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Txai Suruí

Demarcação já!

Povo guarani kaiowá luta desde 1953 pela retomada de suas terras

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Na semana passada, tivemos mais um episódio de extermínio indígena e o assassinato do indígena Alex Lopes, do povo guarani kaiowá. O fato foi filmado, mas o caso não teve a mesma repercussão nos jornais e na imprensa que o assassinato de Dom e Bruno. Eu me pergunto: algumas vidas valem mais que outras?

O guarani kaiowá Alex Vasques Lopes, 18, cujo corpo foi encontrado com oito marcas de tiros em 21 de maio na cidade paraguaia de Capitán Bado - Cimi/Reprodução

Mato Grosso do Sul, o estado onde vivem os guaranis kaiowás, é o primeiro no ranking de assassinato de indígenas. Essa violência tem raízes ainda mais profundas. Começa no período da colonização e se perpetua até hoje, com a expulsão dos indígenas e o avanço do agronegócio sob seus territórios.

Afinal, até hoje somos vistos como um empecilho ao "progresso", quando na verdade somos a barreira que sustenta nosso planeta. Os povos indígenas são 5% de toda a população mundial e protegemos 80% de toda a biodiversidade. Através do nosso modo de vida e de nossa ancestralidade, lutamos com nossos corpos para manter a nossa sagrada floresta em pé.

O povo guarani kaiowá, desde que foi expulso, em 1953, luta pela retomada de suas terras, vendidas a pecuaristas da poderosa família Jacintho. "As 'retomadas' tiveram um elevado custo humano —com assassinatos e episódios de crueldade cometidos contra homens, mulheres e crianças indígenas", como nos conta a Earthsight/ De Olho nos Ruralistas.

À medida que reocuparam a Terra Indígena Takuara, iniciou-se uma batalha judicial. O que me faz pensar na rapidez com que o Judiciário funciona para os grandes latifundiários, enquanto os assassinatos dos nossos defensores seguem impunes. Os grandes poderes servem os ricos, e para nós a justiça nunca chega. O resultado disso é que foi decretado o despejo dos guaranis kaiowás das terras tradicionalmente ocupadas por eles, mas eles seguiram resistindo.

Foi quando o grande líder Marcos Venon foi morto. Assim como o assassinato de outros guardiões da floresta, o caso segue sem solução. Em 2010, finalmente o MP emitiu declaração reconhecendo o direito dos indígenas, mas duas semanas depois a ministra Carmen Lúcia suspendeu o processo com base na tese do Marco Temporal. É uma tese inconstitucional, que só reconhece as terras que estavam ocupadas por indígenas em 1988.

A Terra Indígena Takuara segue num limbo judicial, e a família Jacintho continua a lucrar com o genocídio dos guaranis kaiowás e a destruição da floresta. A família Jacintho está ligada ao desmatamento ilegal, invasão e exploração de terras indígenas, mas não são os únicos a lucrar com isso.

Este foi só um resumo da investigação feita pela Earthsight e De Olho nos Ruralistas. Convido a lerem toda a investigação e entenderem que o buraco é bem mais embaixo.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.