Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Amazônia minada

Áreas indígenas são alvo de 2.575 requerimentos de exploração

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Com um fuzil nas mãos, uma pistola na cintura e vestindo uma camisa com a bandeira do Brasil, um pré-candidato a deputado federal pelo estado de Rondônia grita em um vídeo apresentando sua candidatura e diz que não permitirá que o garimpeiro seja tratado como um bandido e que a polícia e os órgãos de fiscalização não têm o direito de queimar e destruir maquinários e equipamentos, como ocorrera no dia anterior em uma operação na região, pois tal ato seria um crime tipificado no Código Penal. Além de desconhecedor das leis brasileiras, o sujeito é cabo militar.

Um servidor das Forças Armadas condenando a fiscalização ambiental, defendendo a ilegalidade e exibindo armas (provavelmente advindas do seu batalhão) como expressão de poder pode parecer loucura, mas na verdade é o reflexo de um país que enfraqueceu sua legislação ambiental e os órgãos fiscalizadores e elegeu um presidente que como promessa de campanha disse que não demarcaria nem um centímetro de terra para indígena ou quilombola e que depois de multado por crime ambiental exonerou o servidor que lhe deu a multa. O presidente cumpriu com sua promessa de não demarcação e o cabo provavelmente será eleito.

Um estudo premiado neste ano, feito pela estudante de pós-graduação da USP Juliana Siqueira-Gay, demonstrou que a extração mineral na Amazônia causa problemas como o aumento do desmatamento, piora na saúde e bem-estar de povos indígenas que vivem nas regiões afetadas, acaba com a qualidade da água e destrói ecossistemas aquáticos. A pesquisa mostra ainda o aumento do desmatamento em 90% entre 2017 e 2020, consequência da mineração ilegal.

A tentativa de legalizar a mineração em terras indígenas é um dos projetos do atual governo. O PL 191/2020, que permite esse tipo de empreendimento, pode ser votado a qualquer momento na Câmara dos Deputados depois de ter conseguido assinaturas necessárias para uma votação em pedido de urgência, apesar de ter sido avaliado como inconstitucional pelo MPF.

O próprio presidente da República chegou a mentir, tentando usar a Guerra na Ucrânia para justificar a aprovação do projeto de lei. Utilizou-se de uma tragédia de forma oportunista, mas vários estudos provaram que se trata de uma grande falácia.

No entanto, com todos esses ataques, tivemos um aumento da mineração ilegal nos territórios indígenas, o que já gerou terríveis impactos, como para os yanomamis e os mundurukus. Áreas indígenas são alvo de 2.575 requerimentos de exploração, como se pode ver no Twitter @amazonia_minada —da InfoAmazônia.

Mineração mata! Vote consciente!

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