Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

A luta indígena não vai baixar a guarda

Sabíamos que não seria rápido nem fácil, apesar das vitórias e avanços

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"Conseguiram o que vocês queriam?", fui questionada certo dia por um taxista ao se referir ao governo do presidente Lula. A verdade é que a luta pela floresta não pode baixar a guarda. As invasões e ameaças continuam nas terras indígenas, a luta pela terra e por demarcação ainda são o nosso grito. Os povos indígenas continuam sob ataque, apesar dos esforços da ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas e da bancada do cocar.

Sabíamos que não seria rápido nem fácil, apesar das vitórias e avanços. Porém nunca nos esquecemos de que nossa resistência e coragem são o que mais amedrontam o outro lado.

Temos como desafio enfrentar uma estrutura de proteção ambiental que foi sucateada e destruída material e legalmente no último governo. Um confronto ainda maior quando falamos de estados comandados por bolsonaristas, que ocupam grande parte das estruturas de poder, como Rondônia, com um governo e deputados em maioria bolsonaristas.

Temos de enfrentar um Congresso ainda mais conservador e que vem se articulando para não deixar que o bolsonarismo saia do poder e continua a passar os chamados projetos de morte.

Vemos uma Câmara dos Deputados que "ressuscita" o PL 490, ou PL do Marco Temporal, diante da maior mobilização indígena nacional, o Acampamento Terra Livre, com o tema "não há democracia sem a demarcação de terras indígenas". Vemos a promessa do deputado Arthur Lira para a bancada ruralista de que a votação acontecerá antes da decisão no Supremo Tribunal Federal sobre a tese do marco temporal, que está marcada para o dia 7 de junho.

Embora as nossas casas legislativas tenham o poder de criar leis que assegurem os nossos direitos, a maioria das leis produzidas por elas não respeitam nossas diversidades, culturas e existências.

As questões indígenas dizem respeito a uma agenda global diante da emergência climática vivida. Repetidos os alertas aqui inúmeras vezes, são os povos indígenas essenciais para a proteção das florestas e do clima. Países no mundo estão criando legislações que tratam sobre a comercialização de produtos associados ao desmatamento e a violações de direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais.

O Brasil, com sua enorme extensão florestal, grande parte presente nas terras indígenas, é peça-chave para alcançar os compromissos de não aquecer ainda mais o planeta e não violar direitos indígenas. Precisamos de um Congresso alinhado a esse compromisso.

No entanto, a maior frente parlamentar na Câmara, a frente ruralista, tem como objetivo adiar os compromissos, retaliar legislações antidesmatamento e, como sua maior agenda, afrontar e atacar os direitos indígenas.

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