Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu Enem YouTube internet

Negacionismo é instrumento para desmonte de políticas ambientais

Por que ainda temos tantas pessoas que negam o aquecimento global?

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O ano de 2023 deve ser o ano mais quente em 125 mil anos, de acordo com o observatório europeu Copernicus. O outubro deste ano foi o mais quente do mundo durante esse período. Nosso planeta está ficando cada vez mais quente. Debates como adaptação e perdas e danos são cada vez mais urgentes na nossa realidade, na qual não podemos mais evitar algumas das consequências das emergências climáticas e é urgente combatermos as suas causas e mudarmos a forma como tratamos nossa natureza.

As emergências climáticas podem tornar a manutenção de uma agricultura produtiva impossível por causa do excesso de calor, além de acelerarem e piorarem eventos extremos como a seca, que já afeta a Amazônia, e tendem a piorar. No entanto, mesmo diante dos efeitos do aquecimento global que já assola nossas vidas, por que ainda temos tantas pessoas que negam essa realidade?

dois caminhos para o aquecimento globla
O aquecimento global - Projeto Chelsa

O negacionismo climático, a desinformação e as fake news são instrumentos para o desmonte de políticas ambientais e indígenas e para o avanço sistemático da exploração dos territórios e áreas de proteção ambiental no Brasil. Um dos exemplos foi a bancada ruralista criticando as questões do Enem 2023 que falavam da conexão do agronegócio com o desmatamento e a exploração, negando seus papéis no aquecimento global e, pior, negando mudar suas posturas frente à crise que nosso planeta vive.

reprodução da questão
Questão do Enem 2023 criticada pela Frente Parlamentar Agropecuária - Reprodução

A frente pede a anulação das perguntas e esclarecimentos do governo Lula (PT) e indica que vai encaminhar requerimentos de convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para se explicar na Câmara e no Senado. Mas não sabiam que 86% das questões foram elaboradas durante o governo de Jair Bolsonaro.

A crise do clima não é interessante quando reforça a necessidade de combate ao desmatamento, das leis de proteção ambiental e das comunidades indígenas e tradicionais, quando reforça a necessidade de mudança do setor. Negam os dados científicos e os relatórios climáticos, pois não interessam para o lobby. Mas a verdade é que não estão fazendo políticas públicas para os pequenos produtores rurais de quem tanto falam e que também já vêm sofrendo com as consequências da crise climática.

As redes sociais são instrumentos para a disseminação dessa narrativa. Plataformas como o YouTube vêm contribuindo para essa narrativa negacionista e lucrando com isso. Em 2021, o Google prometeu parar de publicar anúncios, incluindo no YouTube. Porém, esses conteúdos ainda podem ser facilmente encontrados.

O negacionismo não pode se sobrepor às necessidades de mudança das cadeias produtivas discutidas hoje pelo mundo inteiro.

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