Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Com produção menor, preço do etanol fica fortalecido neste ano
Pierre Duarte - 29.out.15/Folhapress | ||
Caminhão-tanque carregado com álcool deixa usina em Sertãozinho (SP) |
Se a safra de cana-de-açúcar que se encerrou foi de preços médios do etanol hidratado mais elevados para os consumidores, a que entra não deverá ser diferente.
Na avaliação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção de etanol hidratado —o que vai diretamente ao tanque do carro, sem mistura com gasolina)— deverá recuar 10% na safra que se iniciou neste mês.
A produção total de etanol, após o recorde de 2015/16, apresenta a segunda queda seguida. Nas contas da Conab, a safra renderá 26,5 bilhões de litros, 4,9% menos do que na anterior.
Já a produção de álcool anidro, o que vai misturado à gasolina, deverá aumentar para 11,4 bilhões de litros, 2,4% mais. Esse aumento ocorre porque o consumo de gasolina, com preços mais vantajosos para os consumidores, deverá crescer.
Moagem
A Conab estima uma redução da moagem de cana-de-açúcar para 648 milhões de toneladas nesta safra, 1,5% menos do que na anterior. A queda se deve a uma diminuição da área cultivada para 8,84 milhões de hectares.
Esse recuo ocorre devido a empresas em recuperação judicial, à baixa competitividade do etanol, ao clima adverso na safra anterior e à devolução de terras arrendadas.
São Paulo, o líder em área de cana, terá um recuo de 4,5% no plantio, que é de 4,6 milhões de hectares.
A produtividade média do setor cresce para 73,3 toneladas de cana por hectare no Brasil. Essa evolução se deve à recuperação de áreas de produção e à estimativa de um clima melhor.
O setor volta ter os olhos fixados mais no açúcar do que no etanol. Mesmo com a redução de área, a produção de açúcar se manterá em 38,7 milhões de toneladas no país.
Investimentos maiores em projetos ligados à melhoria da produtividade e maximização na produção levam os produtores para o açúcar, segundo os técnicos da Conab.
São Paulo
A região Sudeste deverá moer 422 milhões de toneladas, 3,2% menos do que na safra anterior. Em São Paulo, líder nacional, a moagem recua para 352 milhões de toneladas, 18 milhões a menos do que em 2016/17.
Essa queda na moagem se deve a área e produtividade menores. São Paulo colherá 77,3 toneladas por hectare, ante 77,5 na anterior.
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Transgênicos chegam ao limite no Brasil
A utilização de transgênicos já soma 93% da área total cultivada no Brasil. Esse percentual inclui as culturas de soja, milho e algodão. Juntos somaram 49,1 milhões de hectares.
As informações são da consultoria Céleres, de Uberaba (MG). Na avaliação dessa consultoria, as áreas plantadas com milho e soja praticamente chegaram ao limite, enquanto mudanças mais expressivas deverão ocorrer somente na cultura do algodão.
A área de soja com cultivares transgênicas somou 32,7 milhões de hectares na safra 2016/17, atingindo 96,5% do total semeado.
Já a área de milho geneticamente modificado semeada no inverno foi de 91,8% do total plantado, atingindo 10,4 milhões de hectares, 15,4% mais do que no ano passado.
O plantio de milho com biotecnologia no verão foi de 5,3 milhões de hectares, 16,2% mais. Com isso, o milho transgênico ocupou 88,4% da área semeada na safra 2016/17.
A adoção de cultivares transgênicas no algodão é menor, somando 78,3% do total semeado nesta safra, 3,3% abaixo da área anterior.
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