Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Socorro bilionário do Tesouro americano para commodities ameaça mercado

Ajuda de US$ 12 bi, além de compensar produtor pela guerra comercial, poderá promover compra de mercadorias não comercializadas

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O presidente dos EUA, Donald Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump - Leah Millis/Reuters

As birras comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem alterar as negociações no mercado de commodities e podem custar caro para os produtores brasileiros de grãos.

Principais apoiadores do presidente durante a campanha eleitoral e atualmente os mais prejudicados pela guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros, os produtores americanos vão ser recompensados com um pacote de apoio, que começa a ser desenhado.

As informações ainda não são oficiais, mas circula pelo mercado que o pacote de ajuda de US$ 12 bilhões vai repor a queda de 20% dos preços da soja. Essa queda ocorreu, em parte, devido à batalha comercial de Trump com a China e outros importadores de produtos dos EUA.

Se essa promessa for cumprida, os produtores receberiam para a soja próximo de US$ 1,72 por bushel (27,4 quilos) em parte da área semeada. Esse valor representa 20% do preço atual de negociação —US$ 8,58 por bushel— na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (22).

Preocupa mais ainda outras medidas que estariam sendo preparadas para reparar os estragos que a política atual provoca no setor agropecuário.

Segundo informações do Agri Pulse, publicação especializada no setor, a ajuda do governo americano poderá vir em duas outras frentes, ainda mais preocupantes para os brasileiros.

Primeiro, o governo garantiria a compra de produtos não exportados. Segundo, abriria uma frente de financiamento para a busca de novos mercados que pudessem compensar as perdas com China, México, União Europeia e outros.

Essa intromissão do governo americano no mercado de commodities, se persistir também na próxima safra, levaria os produtores americanos a plantar com renda garantida.

Já os brasileiros, que atualmente são beneficiados pelo pelo dólar elevado, poderão perder as benesses do mercado em uma eventual redução do valor da moeda americana.

Por ora, é difícil prever a queda do dólar no Brasil, devido às incertezas das eleições e das poucas perspectivas da continuidade das reformas econômicas.

Os brasileiros vão iniciar o plantio da safra 2018/19 com dificuldades até de prever os custos de produção e de comercialização. Pior ainda se tiverem que concorrer com o bilionário Tesouro americano.

Essa política de ajuda não se limitaria ao setor de grãos, mas se estenderia também às proteínas.

O volume de soja a mais exportado pelo Brasil para a China, em vista das taxas chinesas colocadas no produto americano, não deve compensar a intromissão do governo dos EUA no setor.

 

 

Escudo do dólar A soja foi negociada a R$ 90 nesta quarta-feira em Cascavel (PR). O câmbio ajudou a manutenção desse preço, que é o maior do ano, mas a queda em Chicago limitou a alta.

Escudo do dólar 2 Em Sorriso (MT), a saca de soja foi negociada a R$ 73,20 no disponível. Na segunda-feira (20), tinha registrado R$ 74. Os dados de acompanhamento de mercado são da AgRural.

Fretes Para Cláudio Frischtak, diretor da Inter.B Consultoria, a crise vivida pelos caminhoneiros não está relacionada ao preço do frete, mas ao baixo volume de investimentos em infraestrutura no país.

Falta investimento Na avaliação de Frischtak, há um hiato de investimento de 24 pontos percentuais em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). Ele participou do seminário sobre fretes realizado nesta quarta-feira, em Brasília.

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