Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Desmatamento reduz potencial de crescimento do extrativismo sustentável

Valor da produção do setor somou R$ 1,6 bilhão em 2017, mas participação vem diminuindo

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O avanço do desmatamento na floresta amazônica está eliminando mão de obra e renda para para povos e comunidades tradicionais da região.

No ano passado, a atividade extrativista sustentável de produtos não madeireiros gerou renda de R$ 1,6 bilhão, 1,8% mais do que em 2017.

Essa extração se concentra basicamente em produtos alimentícios, que somaram R$ 1,3 bilhão no período.

A liderança fica com o açaí, que gerou um valor de produção de R$ 592 milhões, somando 46% das receitas desse setor.

Carnaúba, castanha-do-pará e babaçu também são importantes nessa lista de produtos obtidos com o extrativismo nas florestas. Erva-mate, com predominância na região Sul, completa essa lista.

Os dados fazem parte da pesquisa PEVS (Produção da Exploração Vegetal e da Silvicultura), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (19).

Winicius de Lima Wagner, engenheiro agrônomo e gerente da PEVS, diz que o extrativismo tem dois viés: o predatório e o sustentável.

A pesquisa aponta o desempenho do extrativismo sustentável, uma atividade muito importante para a manutenção de trabalho e de ganhos para as famílias específicas dessas regiões, segundo ele.

“Se dá pouca luz a essa atividade, mas ela tem uma grande importância social. Esses extrativistas têm um papel importante porque são os vigilantes da floresta”, diz Wagner.

Esse extrativismo sustentável é bem diferente do predatório, que só visa a madeira ilegal e deixa as marcas dessa atividade no solo, afirma Wagner.

A exploração sustentável de alimentos na floresta tem espaço para crescer, mas depende não só do clima de cada ano, mas também das cadeias específicas de cada produto.

Cada um deles tem uma dinâmica própria, dependendo das regiões onde estão. Transporte e compradores para os produtos, porém, são essenciais, segundo o engenheiro agrônomo.

Ele cita o caso do açaí, produto que teve um crescimento tanto na demanda interna como na externa nos anos recentes.

Os dados da pesquisa PEVS do IBGE contemplam apenas o extrativismo nas florestas, não incluindo a produção cultivada, que também cresce.

Apesar do crescimento da demanda para alimentos, cosméticos e exportação, o extrativismo vegetal tem caído. No ano passado, essa atividade ficou próxima de 21% do valor da silvicultura —extração de madeira em florestas plantadas com fins comercias. Em 1999, o extrativismo representava 50% da silvicultura.

Já a produção comercial de açaí em áreas específicas de cultivo, fora das florestas, atingiu 1,5 milhão de toneladas no ano passado, 13% mais do que em 2017, segundo outra pesquisa do IBGE, a PAM (Produção Agrícola Municipal).

A produção florestal total somou R$ 20,6 bilhões em 2017 no país, com predominância da silvicultura, que atingiu R$ 16,3 bilhões e representou 79,3% desse valor. Já a extração vegetal, ao somar R$ 4,3 bilhões, teve participação de 20,7%.

A área de floresta plantada no país era de 9,9 milhões de hectares no ano passado, 7,5 milhões com eucalipto.

O município paranaense de Telêmaco Borba lidera o ranking no valor da produção de silvicultura. Já Limoneiro de Ajuru, no Pará, tem a maior produção nacional de açaí extrativo.

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