Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Agropecuária perde 391 mil empregos com a Covid-19

Período costumava ter alta de emprego; Cepea indica que população ocupada dentro da porteira já é inferior a 8 milhões no país

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A pandemia provocada pela Covid-19 ceifou 391 mil empregos na agropecuária brasileira no trimestre de abril a junho. Com isso, a força de trabalho dentro da porteira foi reduzida para 7,976 milhões de trabalhadores no período.

Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), com base em informações da PNAD Contínua mensal do IBGE.

Este é um período em que tradicionalmente a tendência é de alta no emprego na agropecuária. Para chegar a essa queda de 391 mil, o Cepea considerou o número atual de ocupados e o quanto era esperado do setor em um período normal, levando-se em consideração a sazonalidade.

O momento pior de perdas de trabalho ocorreu em maio, uma vez que a população ocupada no trimestre de abril a junho teve redução de apenas 0,21% em relação ao período de de março a maio. Neste trimestre, a força de trabalho somava 7,993 milhões.

Para Nicole Rennó Castro, pesquisadora do Cepea, os números indicam um choque intenso no último trimestre avaliado, com uma queda que nunca tinha sido observada desde 2012, início da pesquisa.

Os dados do período de abril a junho não se agravaram em relação aos de março a maio, mas também não melhoraram, segundo os dados do Cepea.

Existe uma tendência de redução do emprego no campo, mas a Covid-19 acelerou o ritmo nos últimos meses. Em 2012, a população ocupada no setor agropecuário era de 10 milhões. Recuou para próximo de 9 milhões em 2017, e caiu para um patamar inferior a 8 milhões neste período de pandemia.

A população ocupada na agropecuária no trimestre de abril a junho aponta uma redução de 679 mil empregos em relação à de igual período de 2019.

Essa queda ocorre em um momento em que não há nenhum atrativo no setor urbano para os trabalhadores rurais. A indústria e o setor de serviços também passam por uma situação complicada.

Nicole explica que as quedas de emprego de 2019 para cá ocorrem basicamente nos trabalhadores por conta própria. O cenário indica uma dificuldade maior para os pequenos produtores.

Eles encontram um ambiente competitivo no setor, elevação de custos dos insumos e perda de preços dos produtos. Além disso, ficam distante da tecnologia, o que poderia garantir maior produtividade.

Para a pesquisadora, há dois mundos diferentes na agropecuária. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) é brilhante e mostra produtividade, o emprego apresenta muita fragilidade.

A explicação para essa situação é que o PIB é gerado por um grupo pequeno e muito concentrado. Os que dependem apenas do mercado interno são os que mais sofrem, segundo ela.

Os dados desta quinta-feira (6) do Cepea mostram o dinamismo do PIB do agronegócio brasileiro. Houve uma alta pelo quinto mês seguido neste ano, e a evolução de janeiro a maio é de 4,621%.

O setor primário cresceu 11,67%, enquanto a agroindústria recuou 0,24%.

A agropecuária, que tinha pouco mais de 8 milhões de postos de trabalho em 2019, representava 45% do total da população ocupada no agronegócio. Este setor, ao todo, tem uma força de trabalho de 18 milhões de trabalhadores.

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