Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Segunda onda do vírus traz incertezas para carnes nos EUA

Coronavírus, eleição e recuperação lenta da economia geram cenário desconfortável, segundo banco

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O mercado de carnes pode ficar agitado novamente nos Estados Unidos neste quarto trimestre, se houver a concretização de uma segunda onda de coronavírus no país.

Houve uma estabilização da primeira onda, mas em patamar elevado de casos. O ritmo do avanço do vírus atualmente, como ocorre na Europa, está mais intenso e pode gerar uma segunda onda.

Nos primeiros meses da pandemia, quando a indústria estava menos preparada e enfrentava uma doença nova, a cadeia de proteínas teve forte baque na produção, restrição de oferta e elevação de preços.

Em um estudo sobre o desempenho do setor agropecuário dos Estados Unidos no quarto trimestre, o Rabobank, banco especializado em agronegócio, diz que pode ocorrer uma possível instabilidade no período.

Esse cenário pouco confortável não está associado só à intensificação da Covid-19, mas a uma série de outros fatores pendentes no país.

Confinamento em criação de gado em Brasnorte (MT)
Confinamento em criação de gado em Brasnorte (MT) - Mauro Zafalon - 24.jul.2015/Folhapress

A recuperação da economia é lenta, e o país vive um processo acirrado de eleição presidencial. Esta, até por uma eventual demora na apuração final, poderá trazer ainda mais agitação no mercado.

Além de conviver com um final de ano com demanda menor, as empresas de proteínas têm elevação de custos. Além disso, o confronto comercial com a China traz desestímulos ao setor.

Esses ventos contrários, como chama o Rabobank, podem causar turbulências e colocar a recuperação do quarto trimestre em teste.

A produção de carne bovina não evolui neste ano e fica praticamente no mesmo patamar da de 2019. No setor de suínos, devido à importação da China, os abates aumentam e já são 95% do que eram antes da pandemia.

A suinocultura americana está sendo beneficiada ainda pela interrupção das exportações da Alemanha, que registrou o primeiro caso de peste suína africana.

Os avicultores estão de olho no mercado externo, uma vez que os preços são baixos no país. A produção deve ter um ritmo de crescimento semelhante ao de 2019, registrando alta de 1%.

Qualquer interrupção na oferta de carnes diminui exportações e eleva preços internos. Esse cenário mexeria também com os preços no Brasil, que já estão em patamares recordes.

*

Recorde histórico A escalada de preços que vem norteando os produtos agropecuários brasileiros atingiu, desta vez, o milho. O cereal teve, nesta terça-feira (27), o maior valor da história, conforme preços corrigidos pelo IGP-DI.

Retorna uma década A saca do cereal foi negociada a R$ 81,5, acima do recorde de até então, que era de 13 anos atrás. Em 30 de novembro de 2007, a saca tinha sido negociada a R$ 81,4, conforme preço corrigido pela inflação. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.

Mais doce As usinas do centro-sul destinaram 47% da moagem de cana para a produção de açúcar nesta safra. No ano passado, eram apenas 35%. Com isso, o volume de açúcar de 2020/21 já soma 35 milhões de toneladas, 46% mais do que em 2019/20, segundo a Unica.

Navio cheio O volume de produtos agropecuários exportados pelo Brasil nos nove primeiros meses deste ano superou em 16% o de igual período do ano passado.

Mais com menos Os preços médios dos produtos recuaram 6%, em dólar, no mercado externo. A elevação do volume comercializado, porém, permitiu uma receita recorde de US$ 79 bilhões para o período.

Real fraco O aumento das divisas em dólares foi de 8%, mas as receitas em reais, devido à desvalorização da moeda brasileira, subiram 26% no período.

Sempre a China As principais exportações foram de soja, carnes, açúcar e algodão. Os chineses ficaram com 37% das exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a setembro, segundo o Cepea.

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