Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Seca faz Conab reduzir safra em 3 milhões de toneladas

Previsão agora é de 266 milhões de toneladas, e milho é o mais afetado

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A seca já começa a refletir nos números de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O órgão governamental reduziu a área de plantio deste ano em 120 mil hectares, comparando-se os dados de novembro com os deste mês, divulgados nesta terça-feira (10).

A safra nacional, estimada inicialmente em 269 milhões de toneladas, foi revisada para 266 milhões. Por ora, as perdas no milho são de 2,3 milhões de toneladas e as na soja, de 502 mil. Apesar dessa queda, o volume previsto ainda será recorde. No ano passado foram 257 milhões.

A esperança para o grande salto de produção na safra 2020/21 foi depositada no Rio Grande do Sul, estado muito afetado pelo clima no período de 2019/20. A região, no entanto, volta a ter problemas climáticos.

Plantio de soja em Sertaneja, no norte do Paraná - Mauro Zafalon - 7.nov.2016/Folhapress

Os gaúchos semearam 808 mil hectares de milho nesta primeira safra, mas a produtividade deverá recuar 11% em relação à anterior. Com isso, a produção cai para 3,6 milhões de toneladas, 9% menos do que em 2019/20.

Os gaúchos terão queda de produção também no arroz. Os bons preços do cereal levaram os produtores a aumentarem em 2,4% a área de plantio, que foi a 969 mil hectares. A produtividade, porém, recua 5,3%, e a produção do estado diminui para 7,6 milhões de toneladas na próxima safra, 3% menos do que na anterior. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país.

A área nacional de soja, o carro-chefe da produção brasileira de grãos, deverá recuar 79 mil hectares, em relação ao que se esperava. Neste ano, serão 38,2 milhões de hectares. O clima adverso fez com que muitos produtores refizessem o plantio e que outros desistissem dessa cultura.

Com a seca, a Conab refez os cálculos da produtividade nacional da oleaginosa e espera um volume 0,2% inferior ao de novembro. Mesmo assim, a produção poderá atingir o recorde de 134,5 milhões de toneladas, mantendo o país na liderança mundial.

O Rio Grande do Sul, após uma safra de apenas 11,4 milhões de toneladas de soja neste ano, deverá elevar a produção para 19,4 milhões no próximo.

Segundo Sérgio De Zen, diretor de política agrícola e informações da Conab, a safra 2020/21 será muito boa, mas não se pode negar que há problemas. “Vivemos um momento extremamente delicado”, afirma.

Na avaliação dele, o produtor convive com as incertezas do clima, com a volatilidade dos preços e com a elevação dos custos de produção. “E isso leva o setor a um novo ponto de equilíbrio.”

Para De Zen, o trabalho dos pesquisadores de campo da Conab toma uma importância relevante neste momento. Eles precisam coletar e levar as informações mais precisas possíveis para o mercado.

As dificuldades do momento não se restringem apenas ao clima, mas também a fatores econômicos, segundo o diretor da Conab. Os efeitos da La Niña não são previsíveis, uma vez que eles não têm sempre o mesmo comportamento. Do lado econômico, câmbio e juros afetam a atividade do setor.

E o agronegócio brasileiro não fica apenas na dependência de medidas econômicas internas, mas de toda a economia mundial. Por ser bastante competitivo, o produto brasileiro tem demanda em todos os principais mercados importadores, mas cada país tem uma reação própria neste período de pandemia.

De Zen diz que, com isso, o Brasil vai exportar e importar produtos. Essa liberdade trânsito, porém, melhora o equilíbrio do setor no longo prazo.

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