Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Safra é recorde, mas produção de grãos e de proteínas básicos preocupa

Novos dados indicam melhoras para soja e milho, mas produção de arroz, feijão, leite e ovos cai

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O IBGE e a Conab anunciaram, nesta quarta-feira (8), uma safra recorde de grãos para 2022 e um bom avanço na produção de carnes no primeiro trimestre deste ano.

Os números, bons para os produtos exportáveis, deixam, porém, uma preocupação em relação aos alimentos básicos, principalmente neste período de inflação elevada e de baixa renda dos consumidores.
A soja mostrou um desempenho melhor na reta final da safra, e a produção será de 124 milhões de toneladas, mas ainda abaixo das previsões iniciais de 145 milhões.

O milho safrinha, cuja colheita está sendo iniciada, também apresenta produtividade melhor, aponta a Conab. A produção total do país será de 115 milhões de toneladas, 88 milhões sendo colhidos na safra de inverno.

Trigo em campo em Nikolaev, na Ucrânia - Vincent Mundy - 8.jul.2013/Reuters

Devido à boa participação desses dois produtos na produção nacional, a safra de grãos do período 2021/22 deverá atingir 271 milhões de toneladas, 26 milhões a mais do que no ano anterior, quando as lavouras foram afetadas por seca e geadas.

Já o IBGE mostrou que a produção de carnes (bovina, suína e de frango) somou 6,84 milhões de toneladas de janeiro a março, 4% a mais do que em igual período de 2021, quando comparado o peso das carcaças.
Tanto no setor de grãos como no de proteínas, porém, há dados menos empolgantes, principalmente quando se olha para os estoques finais.

O arroz, na reta final da safra, registrou uma produtividade menor do que a esperada, e a safra deste ano fica 10% inferior à do período anterior.

Os estoques finais do cereal recuam para 2 milhões de toneladas nesta safra, 20% a menos do que na anterior, mostra a Conab.

O feijão em cores, também afetado pelo clima, teve queda de 9,5% na primeira safra. As condições são melhores na segunda, mas a produção deverá cair na terceira. Os estoques finais, previstos em 350 mil toneladas, estão estimados agora em 251 mil.

Outro produto de preocupação para o consumidor será o trigo. O país deverá terminar a safra comercial de 2021/22, no final de julho, com apenas 188 mil toneladas.

A média dos estoques finais nos cinco anos anteriores foi de 2 milhões de toneladas. O Brasil consome 1,06 milhão de toneladas do cereal por mês.

A crise mundial na oferta de trigo e a elevação dos preços provocaram aumento de área no país. Além disso, espera-se uma recuperação da produtividade, o que deverá elevar a produção nacional desta safra, que ainda está sendo semeada.

Nas contas da Conab, serão 8,5 milhões de toneladas. Nas do IBGE, 8,9 milhões. Com isso, os estoques finais de julho de 2023 subiriam para 771 mil toneladas.

No setor de proteínas, dois produtos básicos perderam força no primeiro trimestre do ano: leite e ovos. O IBGE aponta que a produção de ovos recuou para 977 milhões de dúzias no período, 2% a menos do que no primeiro trimestre de 2021.

A produção de leite teve queda de 10%, com a captação pelas indústrias recuando para 5,9 bilhões de litros de janeiro a março últimos.

Com produção menor, esses dois produtos pesaram no bolso do consumidor e registraram uma participação maior na inflação.

No setor de carnes, dados do IBGE apontam bom rendimento. O abate de 6,96 milhões de bovinos rendeu 1,84 milhão de toneladas de carne com base nas carcaças.

A boa produção, porém, foi canalizada para o mercado externo. As exportações de 469 mil toneladas de carne "in natura" corresponderam a 33% do volume em carcaça, um recorde para o período, segundo o IBGE.

A produção de carne de frango subiu para 3,76 milhões de toneladas, com alta de 2,3%, e os abates de suínos atingiram patamar recorde de 13,6 milhões de animais. A produção de carne de porco aumentou 7%, somando 1,24 milhão de toneladas em peso carcaça.

O bom momento da produção de carne suína, porém, não representou faturamento para o setor. As exportações recuaram, devido à demanda menor da China, forçando uma baixa interna de preços em um período de custos elevados.

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