Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu inflação juros

Preço mundial dos alimentos cai, mas se mantém em patamares recordes

Média de preços de 2021 e de 2022 supera em 43% a dos cinco anos imediatamente anteriores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mesmo com as quedas dos preços mundiais dos alimentos nos últimos meses, o patamar atual ainda supera os recordes registrados nos anos de 2008 e de 2011.

Segundo a FAO, os preços dos alimentos caíram pelo sexto mês seguido, acumulando redução de 15%. Apesar dessas quedas, continuam pressionando o bolso dos consumidores pelo mundo.

Em 2008, a alta ocorreu devido à crise internacional originada nos EUA. Em 2011 e 2012, efeitos climáticos provocaram redução de produtividade e quebra de safras, tanto nos EUA como na América do Sul.

Mulher loira de blusa de frio preta e calça clara de costas, escolhendo alimentos em um supermercado em Sidney, na Austrália
Mulher em supermercado em Sidney, na Austrália - Hu Jingchen - 7.abr.2022/Xinhua

A aceleração atual dos preços ocorre há dois anos, mas foi muito mais acentuada em 2022, principalmente após a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A média de preços de 2021 e de 2022 supera em 43% a dos cinco anos imediatamente anteriores, conforme a FAO.

Mesmo com os ajustes atuais, a redução ainda esbarra nos estoques baixos, na alta dos fertilizantes, no custo da energia e nas crises climáticas que se espalham pelo mundo.

Problemas não resolvidos satisfatoriamente nas exportações da Ucrânia e da Rússia também são preocupações para os próximos meses. Do outro lado, o aperto nos juros para o combate à inflação gera consequências sobre o ritmo da economia e da demanda.

O Brasil, diz a FAO, participa efetivamente dessa tendência de queda atual dos alimentos, fornecendo mais carne bovina e mais açúcar para o mercado externo, produtos que tiveram redução mundial nos preços.

Em setembro, o Brasil exportou o recorde de 231 mil toneladas de carne bovina "in natura" e processada, segundo a Abrafrigo (Associação Brasileira dos Frigoríficos), que tomou como base as estatísticas da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Com relação ao açúcar, a queda, que já atinge cinco meses seguidos, se deve às melhores perspectivas de oferta do produto pelo Brasil.

Segundo os analistas da FAO, no entanto, a oferta mundial limitada dificulta as quedas. A preocupação com a inflação continua, inclusive no Brasil. O efeito de redução dos combustíveis está terminando, e a queda dos alimentos já é em ritmo mais lento.

Dados da Ceagesp (entreposto de hortifrútis de São Paulo) indicaram, nesta segunda-feira (10), que os preços médios das hortaliças e das frutas subiram 2,4% em setembro, em relação a agosto.

Os dados da FAO apontam que, enquanto carnes, leite, óleos vegetais e açúcar têm quedas moderadas, os cereais vão na contramão e sobem.

Os preços atuais desses produtos ainda são 4% superiores aos do recorde de 2011; e os do leite, 10%. Óleos vegetais e açúcar estão abaixo dos picos daquele ano. Já as carnes mantêm alta de 8%, mas sobre os valores médios de 2014, período de maior pressão dessa proteína.

A alta nos preços dos cereais em setembro se deve ao trigo, que voltou a subir. Incertezas de oferta nos países do mar Negro e seca em alguns países produtores, como Argentina, mantêm os preços elevados.

Além disso, o trigo vem substituindo parte do milho, devido à oferta menor desse cereal em vários países.

O arroz também está em alta. Safra abaixo do esperado na China, mudança de política nas exportações da Índia e enchentes no Paquistão, países importantes no abastecimento mundial, sustentam a alta.

A produção mundial cai para 513 milhões de toneladas neste ano, e há redução dos estoques mundiais para 193 milhões. O Brasil, com o real desvalorizado, poderá ganhar participação no mercado externo desse cereal.

O arroz é um produto com reduzida comercialização mundial. Nesta safra, serão apenas 53 milhões de toneladas, 10% da produção. A soja movimenta 43%.

Segundo o Amis —órgão criado pelos ministros de Agricultura do G20—, a produção de trigo, de milho e de soja cresce nesta safra, mas os estoques estão baixos. Já a safra de arroz recua. O Amis tem foco na produção e na oferta de trigo, milho, arroz e soja e foi concebido após as fortes oscilações de preços em 2008 e em 2010.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.