Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

O brilho do agronegócio começa a perder luz

Neste ano, receitas nos Estados Unidos e no Brasil ainda refletem ganhos com preços elevados

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Os produtores agropecuários viveram tempos áureos nos anos recentes. No Brasil, o PIB do setor de 2020 e de 2021 mostrou uma evolução não atingida até então.

O VBP (Valor Bruto da Produção) superou pela primeira vez R$ 1 trilhão, mostrando forte aceleração.

Nos Estados Unidos, o Usda (Departamento de Agricultura) acaba de divulgar que o setor agropecuário está vivendo uma forte recuperação. As receitas líquidas deste ano deverão atingir US$ 161 bilhões, o melhor patamar, descontada a inflação, desde o início dos anos 1970.

Plantação de tabaco no Rio Grande do Sul - Adriano Vizoni - 3.jun.2022/Folhapress

Esse novo ciclo, no entanto, começa a perder o brilho. No Brasil, o PIB do agronegócio caiu 4,28% até setembro, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), após dois anos de excelente desempenho.

Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, o setor deverá sentir ainda mais o novo patamar dos custos, os juros elevados, equipamentos mais caros, terras valorizadas, inflação aquecida e a pressão dos combustíveis e da energia.

Do lado dos preços, as perspectivas também não são as mesmas dos últimos três anos.

Os ganhos acelerados do setor vieram de maior demanda, da ocorrência da pandemia, da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e da consequente elevação dos preços. Os custos também vieram com intensidade, mas as receitas ainda continuam elevadas.

Em 2019, as despesas dos norte-americanos representavam 75% das receitas. Neste ano, devido à alta dos preços das commodities, ficaram em 69%, conforme dados do Usda.

Neste mesmo período, as receitas líquidas dos produtores tiveram evolução de 104% nos Estados Unidos. Em 2022, porém, elas têm evolução de 14%, enquanto as despesas já sobem 19%.

O Valor Bruto de Produção no Brasil —as receitas dentro da porteira— deve atingir R$ 1,2 trilhão neste ano, com alta de 30% em relação a 2019. Em relação a 2021, já mostra estabilidade.

Brasil e Estados Unidos diferem na divisão das receitas. Os brasileiros tiveram aumento de 1% no VBP das lavouras e queda de 2% no da pecuária. Os norte-americanos obtiveram alta de 19% nas receitas com as lavouras e de 31% nas com a pecuária.

Soja e milho são os destaques nos dois países. Nos Estados Unidos, as receitas médias do milho, que atingiram US$ 55 bilhões anuais de 2012 a 2021, subiram para US$ 90 bilhões neste. As de soja saíram da média de US$ 40 bilhões para o recorde de US$ 60 bilhões.

O VBP da soja no Brasil será de R$ 338 bilhões, e o do milho, R$ 149 bilhões, conforme previsões do Ministério da Agricultura.

A redução do desempenho do setor começou mais cedo no Brasil. O PIB, após os sucessivos recordes dos últimos dois anos, caiu 4,28% até setembro deste ano. A queda reflete o peso da alta dos insumos sobre o setor.

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