O aumento do poder de compra da população do sudeste asiático pode trazer uma boa opção para os pequenos e médios produtores brasileiros.
A evolução econômica da região e a ascensão de boa parte da população a um novo padrão de consumo, principalmente os que buscam uma alimentação mais saudável, aumentou o consumo e a importação de castanhas e nozes.
Uma avaliação de mercado na região, feita pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), identificou boas oportunidades para esses produtos brasileiros.
A participação dos pequenos e médios produtores poderá ocorrer por meio do projeto Agro.BR, da CNA e da Apex-Brasil, voltado para a consolidação de mercados específicos para o país. O projeto tem a missão de ampliar a pauta exportadora brasileira.
Pelo menos cinco países têm potencial para o produto brasileiro: Índia, Vietnã, Singapura, Malásia e Tailândia. Esses países, que vêm registrando aumento de consumo, cobrem sua demanda interna com importações de Estados Unidos, China, Tanzânia e outros países asiáticos e africanos.
O Brasil tem potencial para elevar o fornecimento, uma vez que produz quatro das oito castanhas mais consumidas no mundo: castanha de caju, castanha-do-pará, noz-pecã e macadâmia.
Os mercados mais interessantes no momento para os produtores brasileiros são os da Índia e do Vietnã, os com maior necessidade de importação. Os vietnamitas, que têm um grande polo de industrialização do produto, importaram 1,3 milhão de toneladas em 2020.
O Vietnã eleva as compras porque o país passou a ser um grande fornecedor do produto industrializado. De 2017 a 2020, as exportações vietnamitas evoluíram 10% ao ano.
Além da necessidade de compras para reexportação, as castanhas são parte importante da culinária do país. O produto ganha importância, e o valor médio do quilo ficou entre US$ 15,8 e US$ 18 no ano passado, segundo a CNA.
Assim como no Vietnã, castanhas e nozes fazem parte da alimentação na Índia. O país importou 999 mil toneladas em 2020, e a demanda cresce com a chegada de novos consumidores a um patamar maior de renda.
O produto ainda fica, contudo, menos acessível à população de baixa renda, uma vez que o valor interno é de US$ 2,8 a US$ 4,98 por quilo, conforme preços médios de 2022. O setor movimentou US$ 7,5 bilhões, segundo a CNA.
Além das castanhas, a Índia é um grande potencial para diversos outros tipos de grãos, como lentilha e grão-de-bico, conforme a Embrapa.
O Brasil poderia se desenvolver muito nesse setor chamado de "pulses". A demanda indiana é crescente, a produção interna não acompanha o consumo e a necessidade de importação cresce ano a ano.
O sudeste asiático é composto por uma dezena de países, somando 675 milhões de habitantes. Malásia, Singapura e Tailândia também são consumidores de castanhas. Entre eles, porém, a Tailândia tem o maior potencial para os exportadores. Embora com volumes menores do que Índia e Vietnã, as importações anuais da Tailândia cresceram 31% de 2017 a 2020.
Também lá Produtores do Meio-Oeste dos Estados Unidos esperam boa renda neste ano. Juros elevados, clima e evolução da economia mundial, porém, são motivos de preocupação para o setor.
Dificuldades à vista A não renovação do acordo sobre o canal de exportação de grãos para a Ucrânia, que está em guerra com a Rússia, poderá devolver instabilidade para o mercado mundial de grãos.
Dificuldades à vista 2 Os preços voltariam a subir, e a inflação dos alimentos acentuaria. O acordo atual vai até meados de março, e a Rússia quer, para efetuar essa renovação, a eliminação de sanções sobre seus produtos.
Dificuldades à vista 3 Mesmo podendo exportar, a Ucrânia vai participar menos do mercado internacional neste ano. A estimativa do governo é de uma safra de 50 milhões de toneladas de grãos, após ter atingido 86 milhões em 2021, antes da guerra.
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