Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Castanha para a Ásia pode ser saída para pequenos produtores

Renda cresce na região e eleva demanda por alimentação e produtos mais saudáveis

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O aumento do poder de compra da população do sudeste asiático pode trazer uma boa opção para os pequenos e médios produtores brasileiros.

A evolução econômica da região e a ascensão de boa parte da população a um novo padrão de consumo, principalmente os que buscam uma alimentação mais saudável, aumentou o consumo e a importação de castanhas e nozes.

Uma avaliação de mercado na região, feita pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), identificou boas oportunidades para esses produtos brasileiros.

A participação dos pequenos e médios produtores poderá ocorrer por meio do projeto Agro.BR, da CNA e da Apex-Brasil, voltado para a consolidação de mercados específicos para o país. O projeto tem a missão de ampliar a pauta exportadora brasileira.

Pelo menos cinco países têm potencial para o produto brasileiro: Índia, Vietnã, Singapura, Malásia e Tailândia. Esses países, que vêm registrando aumento de consumo, cobrem sua demanda interna com importações de Estados Unidos, China, Tanzânia e outros países asiáticos e africanos.

O Brasil tem potencial para elevar o fornecimento, uma vez que produz quatro das oito castanhas mais consumidas no mundo: castanha de caju, castanha-do-pará, noz-pecã e macadâmia.

Ouriço de castanheira aberto, onde ficam os frutos da castanha-do-pará - Eduardo Knapp - 8.dez.22/Folhapress

Os mercados mais interessantes no momento para os produtores brasileiros são os da Índia e do Vietnã, os com maior necessidade de importação. Os vietnamitas, que têm um grande polo de industrialização do produto, importaram 1,3 milhão de toneladas em 2020.

O Vietnã eleva as compras porque o país passou a ser um grande fornecedor do produto industrializado. De 2017 a 2020, as exportações vietnamitas evoluíram 10% ao ano.

Além da necessidade de compras para reexportação, as castanhas são parte importante da culinária do país. O produto ganha importância, e o valor médio do quilo ficou entre US$ 15,8 e US$ 18 no ano passado, segundo a CNA.

Assim como no Vietnã, castanhas e nozes fazem parte da alimentação na Índia. O país importou 999 mil toneladas em 2020, e a demanda cresce com a chegada de novos consumidores a um patamar maior de renda.

O produto ainda fica, contudo, menos acessível à população de baixa renda, uma vez que o valor interno é de US$ 2,8 a US$ 4,98 por quilo, conforme preços médios de 2022. O setor movimentou US$ 7,5 bilhões, segundo a CNA.

Além das castanhas, a Índia é um grande potencial para diversos outros tipos de grãos, como lentilha e grão-de-bico, conforme a Embrapa.

O Brasil poderia se desenvolver muito nesse setor chamado de "pulses". A demanda indiana é crescente, a produção interna não acompanha o consumo e a necessidade de importação cresce ano a ano.

O sudeste asiático é composto por uma dezena de países, somando 675 milhões de habitantes. Malásia, Singapura e Tailândia também são consumidores de castanhas. Entre eles, porém, a Tailândia tem o maior potencial para os exportadores. Embora com volumes menores do que Índia e Vietnã, as importações anuais da Tailândia cresceram 31% de 2017 a 2020.



Também lá Produtores do Meio-Oeste dos Estados Unidos esperam boa renda neste ano. Juros elevados, clima e evolução da economia mundial, porém, são motivos de preocupação para o setor.

Dificuldades à vista A não renovação do acordo sobre o canal de exportação de grãos para a Ucrânia, que está em guerra com a Rússia, poderá devolver instabilidade para o mercado mundial de grãos.

Dificuldades à vista 2 Os preços voltariam a subir, e a inflação dos alimentos acentuaria. O acordo atual vai até meados de março, e a Rússia quer, para efetuar essa renovação, a eliminação de sanções sobre seus produtos.

Dificuldades à vista 3 Mesmo podendo exportar, a Ucrânia vai participar menos do mercado internacional neste ano. A estimativa do governo é de uma safra de 50 milhões de toneladas de grãos, após ter atingido 86 milhões em 2021, antes da guerra.

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