Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Exportações abrem espaço para trabalho feminino no agro

Em 2022, mulheres somavam 31% dos empregos no agronegócio

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O Brasil exportou 8,4 milhões de toneladas de carnes no ano passado, um volume 13% superior ao de 2020 e 9% acima do de 2021. As receitas, que atingiram US$ 26 bilhões, superam em 50% as de 2020 e em 29% as de 2021.

O desenvolvimento desse setor tem sido importante também para uma melhora da participação das mulheres no agronegócio. No ano passado, elas representaram 17% da força de trabalho do setor de pecuária dentro da porteira —considerado os serviços no campo.

No setor de aves, líder nacional nas exportações de proteínas, a presença das mulheres somou 36% da força de trabalho; na suinocultura, 27%; e, na produção bovinos, 14%.

Na cadeia industrial da carne, a presença feminina também é importante, atingindo 36% nos abates de animais e 46% no setor de laticínios.

Os dados fazem parte de um acompanhamento do mercado de trabalho feminino no agronegócio feito pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O Cepea avalia o setor incluindo dados da produção dentro da porteira, dos insumos, da agroindústria e do agrosserviço.

Em 2022, o agronegócio empregava 19 milhões de trabalhadores em seus diversos setores. As mulheres ocupavam 5,9 milhões, 31% deles, segundo Nicole Rennó, pesquisadora do Cepea e responsável pela elaboração dos dados.

A participação das mulheres no emprego e na renda vem crescendo no setor, mas ainda são muitos os desafios para um equilíbrio de gênero. Essa presença vai se tornar mais forte, mas há muita coisa pela frente em relação a cargos e salários, afirma a pesquisadora.

Em 2012, 9,3% dos cargos de direção ou de gerência na produção primária estavam nas mãos de mulheres. No ano passado, eram 14%.

Os dados de Nicole apontam que o agrosserviço é o setor que tem a maior participação de mulheres no setor de agronegócios. Elas respondem por 42% da força de trabalho desse segmento. A seguir vem a agroindústria, com 37%.

O trabalho dentro da porteira, chamado de primário e que, às vezes, exige mais força bruta, tem a participação de 20% das mulheres. Em alguns segmentos desse setor primário, no entanto, elas têm uma presença bastante marcante, segundo Nicole.

Mulheres separam o café, que está espalhado entre duas filas de trabalhadoras.
Fazenda de café onde apenas mulheres trabalham na colheita - Cleiton Correa/Divulgação

A produção primária de fumo, que emprega 243 mil trabalhadores, tem a presença de 95,5 mil mulheres, 39% da mão de obra da atividade.

A presença feminina é importante também nos segmentos de flores, plantas ornamentais, horticultura e colheita de uva, segundo a pesquisadora. Em todos eles, a participação da mulher fica próximo de um terço.

Dentro da porteira, a presença feminina na produção de cereais ainda é bastante restrita, com apenas 15% da atividade nacional. É menor ainda na produção de cana, em que as 22 mil mulheres, de um universo de 315 mil trabalhadores no setor, representam apenas 7%.

Nicole afirma que a participação das mulheres na soja, cultura que lidera a produção nacional de grãos, vem aumentando e está em 17%. As lavouras de soja abrem espaço porque avançam ano a ano e já somam 44 milhões de hectares plantados, com produção projetada para esta safra próxima de 150 milhões de toneladas.

Se o bom desempenho do mercado externo favorece a participação das mulheres no agronegócio, a recessão interna vivida pelo país nos últimos anos atrapalha, afirma Nicole.

A presença da mulher é de 77% na mão de obra do setor de vestuário e de acessórios, que não vai bem ultimamente devido à queda de renda interna e à concorrência externa.

O estudo do Cepea mostra que, dos 42 milhões de mulheres empregadas no país, 5,9 milhões estão no agronegócio, o que indica uma participação feminina de 14% no total. Considerando apenas os 19 milhões de ocupados do agronegócio, a participação feminina é de 31% no setor.

Agrosserviços e agroindústria concentram o maior percentual de trabalhadoras. A agroindústria acaba servindo de aumento de renda para a família. Quando a indústria está próxima, o homem cuida das atividades do campo e a mulher busca ocupação no setor agroindustrial, afirma a pesquisadora

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