Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Cooperativismo chega a R$ 1 trilhão em ativos e responde por 5,2% do PIB

Para Fipe, setor adicionou R$ 462 bilhões em bens e serviços em 2021

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O cooperativismo foi responsável por 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2021. O valor adicionado pelo setor foi de R$ 462 bilhões, de um total de R$ 8,90 trilhões do PIB nacional no período.

Os dados são de estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), por meio de Matriz Insumo-Produto, que apura a demanda por produtos e serviços do cooperativismo.

O estudo toma como base diferentes fontes de informações de 2021, inclusive as do Sistema OCB, e aplica sobre elas um efeito multiplicador para verificar o resultado do cooperativismo sobre a economia. O resultado é um movimento que reflete um crescimento econômico e de empregos formais acima da média nacional.

A Fipe, com base em dados oficiais, estima também que os empregos formais e informais do cooperativismo atingiram 10,1 milhões de postos de trabalho naquele ano, 10,6% da população ocupada no país.

A avaliação dos gastos do setor também se mostrou atrativa. Para cada R$ 1 gasto no cooperativismo, R$ 2,92 retornaram à economia em forma de valor de produção, valor adicionado, arrecadação de impostos e salários. Na área de trabalho, a cada R$ 1 milhão gasto, foram gerados 19,3 empregos formais e informais.

A atividade cooperativista vem evoluindo e atualmente engloba sete ramos. Entre eles, agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura, saúde e transporte, além de trabalho, produção de bens e serviços.

O setor agropecuário é o que abrange o maior número de cooperativas associadas ao Sistema OCB, somando 1.185 unidades. Além de ter sido menos afetado pela pandemia, o setor teve grande expansão nos últimos anos, com recordes de produção e de exportação.

O agronegócio é um dos principais propulsores da economia. Os habitantes dos municípios onde atuam as cooperativas tiveram um acréscimo de R$ 5.100 por habitante no PIB médio, somando R$ 32,4 mil em 2021, além de gerar 28,4 empregos formais a cada 10 mil habitantes.

Como boa parte das cooperativas está inserida no mercado externo, os habitantes dos municípios onde elas atuam geraram um terço a mais em exportações do que onde elas não estão presentes.

A OCB divulgou também nesta segunda-feira (7) os dados do cooperativismo brasileiro referentes a 2022. Um dos destaques é a redução no número de cooperativas para 4.693 unidades, abaixo das 5.314 de 2019,

"Essa redução é um movimento de caráter mundial e ocorre para que as cooperativas se mantenham viáveis. A redução se dá principalmente nas dos setores agropecuários e de crédito", diz Clara Maffia, gerente de relações institucionais do Sistema OCB.

De acordo com ela, algumas fusões podem ocorrer por dificuldades das cooperativas, mas, na maioria das vezes, elas enxergam um projeto maior juntas. Buscam escala, eficiência e redução de custos.

O total de cooperativas cai, mas o número de cooperados aumenta. No ano passado, eram 20,5 milhões, 32% a mais do que em 2019. Os três estados do Sul mantinham 50% desse número. Para Maffia, é uma questão cultural da própria região. Muitos imigrantes já vieram como o espírito cooperativo.

As mulheres vêm aumentando a participação no cooperativismo. Somavam 41% do total dos cooperados no ano passado, principalmente no setor de trabalho, produção de bens e serviços, onde atingiam 52%. Já na agropecuária, a participação se restringe a 16%.

Há também um aumento das mulheres em cargos de direção das cooperativas. Em 2020, elas ocupavam 17% dos postos de direção, percentual que subiu para 22%, em 2022.

O sistema de cooperativas está desenvolvendo as bases para a sucessão no setor. Entre os dirigentes, 80% já passaram dos 40 anos. "Esse é um dos grandes temas do cooperativismo. Estamos criando cursos de capacitação e programas de formação de novos líderes" afirma Maffia.

Segundo a gerente da OCB, essa renovação é importante principalmente no agronegócio e no crédito. No agro, porque muitos dos dirigentes que ainda estão no cargo foram criadores das cooperativas. No crédito, para adaptações às exigências do Banco Central.

Pelos dados da OCB, 53% das cooperativas foram constituídas há mais de 20 anos; 14% superam 40.

Os indicadores financeiros, com o bom desempenho do setor nos anos recentes, avançam. Os ativos, pela primeira vez, atingiram R$ 1 trilhão, o dobro de há três anos.

Os ingressos, considerados o faturamento de uma empresa normal, somaram 656 bilhões no ano passado, com aumento de 112% em relação a 2019.

Com isso, as sobras dos exercícios, volume financeiro que volta para o cooperado, aumentaram para R$ 38 bilhões em 2022, com evolução de 157% em três anos. Os recordes de preços, da produção, da industrialização e das exportações de produtos agropecuários ajudaram nessa elevação.

No ano passado, dados referentes a 4.131 cooperativas indicavam 524 mil empregos diretos no setor, com evolução de 6,25% em relação a 2021.

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