Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil volta a aumentar área de plantio de arroz e feijão

Após cair para o menor patamar em 25 anos, produção de arroz sobe para 11,3 milhões de toneladas

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Enfim a produção de arroz e de feijão muda de rumo no país e volta a indicar crescimento. Pelo menos são as perspectivas do governo na apresentação de sua primeira estimativa de safra, divulgada nesta terça-feira (19). Dominados pela soja e pelo milho, pela queda de rentabilidade, pela alta de custos e por fatores climáticos, principalmente no Sul, os dois produtos perderam boa parte de área semeada nos últimos anos.

De 2012 a 2023, o plantio de arroz recuou 39%. A oferta do cereal foi, em parte, garantida pelo aumento de 42% na produtividade. Mesmo assim, a produção caiu 14% no período analisado e 15% entre as safras de 2021 e de 2023.

Uma das metas do governo Lula é elevar a produção de alimentos básicos, que perderam espaço para produtos exportáveis e mais rentáveis nos últimos anos. O governo adota uma política de estoques públicos, implementando programas de aquisição, e busca melhorar a capacidade estática de armazenagem, segundo Edegar Pretto, presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

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Campo de soja e arroz no Rio Grande do Sul - Divulgação/Fagner Almeida/Federarroz

As áreas de plantio de arroz e de feijão, que em 2023 caíram para os menores patamares das últimas quatro décadas, vão crescer, porque deverão voltar a retomar parte da área perdida para a soja e para milho, acreditam técnicos do governo.


Para a safra 2023/24, que ainda deverá ser semeada, a estimativa é de uma área de plantio de 1,63 milhão de hectares de arroz, 10% acima da desta safra. A Conab estima, além da evolução da área, um crescimento de 2,4% na produtividade, que sobe para 6,95 toneladas por hectare. Se esses dados se confirmarem, a produção nacional subiria para 11,3 milhões de toneladas.


Em julho, o analista de arroz Vlamir Brandalizze já previa, em entrevista à coluna Vaivém das Commodities, uma recuperação de pelo menos 150 mil hectares na área de arroz. Ele acredita que a produção nacional da nova safra possa superar em 1 milhão de toneladas a anterior.


Apesar do aumento da produção brasileira, os preços do cereal deverão continuar salgados para os consumidores. Mesmo antes do período mais crítico da entressafra, que é o final de ano, a saca de arroz voltou aos R$ 100 no campo neste mês.


Grandes produtores e exportadores mundiais, como a Índia, colocaram barreiras nas suas exportações, aquecendo ainda mais a demanda e os preços internacionais.


O Brasil deverá exportar 2,1 milhões de toneladas na safra 2023/24, e o consumo interno será de 10,25 milhões de toneladas. Os estoques finais do produto serão de 1,7 milhão de toneladas no final da safra 2023/24, metade do registrado nos anos anteriores.


A área destinada à produção de feijão também sobe e será de até 2,74 milhão de hectares, mas, com a queda da produtividade de 4,2%, a produção se manterá próxima de 3 milhões de toneladas. O consumo nacional é de 2,85 milhões, o que permite uma elevação nos estoques finais da safra 2023/24 para 335 mil toneladas


Apesar dessa expectativa melhor para arroz e feijão, a Conab não deixa de alertar sobre prováveis fatores de risco no retorno de parte das áreas de soja e milho para arroz e feijão. Adversidades climáticas, crise hídrica e rentabilidade menor não são descartadas e devem ser colocadas nessa conta, segundo o órgão público.


O cenário para arroz e feijão foi divulgado na apresentação da Conab desta terça-feira sobre as perspectivas da safra de grãos do país para 2023/24. O total a ser produzido será de 319,5 milhões de toneladas, um volume próximo dos 323 milhões de 2022/23. A produção de carnes bovina, de frango e suína aumenta para 31 milhões de toneladas.


A área a ser destinada para a soja na safra 2023/24, sobe para 45,3 milhões de hectares, 2,7% a mais. O aumento de espaço permitirá uma produção recorde de 162,4 milhões de toneladas, 5,1% a mais do que na safra anterior.


Na avaliação da Conab, a área de milho recua para 21,2 milhões de hectares, 4,8% a menos do que em 2022/23, puxando para baixo também a produção, que será de 119,8 milhões de toneladas, 6,2% a menos do que a do período anterior.

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