Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação

Exportação recua em países desenvolvidos e sobe em outras regiões

Receita sobe na Ásia e na África, fica estável na América do Norte e cai no Oriente Médio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Brasil caminha para mais um recorde nas exportações de produtos relacionados ao agronegócio. Até outubro, os principais itens já renderam US$ 141 bilhões, 3% a mais do que o recorde de janeiro a outubro do ano passado.

Essa evolução das receitas ocorre mesmo com a queda média dos preços no mercado internacional, compensada pelo aumento do volume comercializado pelo país.

O ano, no entanto, está sendo marcado por uma queda das exportações para os blocos econômicos mais desenvolvidos, como a União Europeia, e uma expansão em mercados com menor renda, como Mercosul, Ásia e África.

As negociações com a América do Norte ficaram praticamente estáveis em volume financeiro neste ano. Alguns componentes da balança comercial, no entanto, tiveram forte retração.

Um deles foi madeira. Após ter atingido receitas de US$ 2,4 bilhões de janeiro a outubro de 2022, as exportações brasileiras desse segmento caíram 38%, ficando em US$ 1,5 bilhão.

Plantação de mogno em Paragominas, Pará - Lalo de Almeida/Folhapress

Já a aceitação maior das carnes brasileiras na América do Norte elevou as exportações do período para US$ 871 milhões, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Na União Europeia, o Brasil perdeu espaço. As exportações recuaram de US$ 21,7 bilhões, nos dez primeiros meses de 2022, para US$ 18,6 bilhões neste ano. Os europeus compraram mais farelo e produtos para alimentação animal, mas reduziram a importação de soja em grão.

Outro fator de queda no volume financeiro foi a forte queda nos preços do café. Com isso, as receitas com esse produto recuaram para US$ 2,7 bilhões neste ano, US$ 1 bilhão a menos do que em 2022. União Europeia e Estados Unidos são importantes nas importações do café brasileiro.

Cafezal em fazenda de agricultura familiar nas montanhas do Espírito Santo - Folhapress

Outro mercado em retração é o do Oriente Médio, onde as receitas das exportações brasileiras recuaram para US$ 9,4 bilhões neste ano, 11% a menos do que em igual período de 2022. As carnes, com US$ 3,2 bilhões, e o açúcar, com US 1,9 bilhão, estão no topo da lista.

África, América do Sul e Mercosul, embora com participações menores nas exportações brasileiras, ganharam destaque. As receitas brasileiras obtidas com os principais produtos relacionados ao agronegócio no Mercosul subiram para US$ 5,7 bilhões, 46% a mais.

Essa alta ocorre devido à quebra de safra de soja na Argentina. Para cumprir contratos, as indústrias do país vizinho importaram 3,9 milhões de toneladas da oleaginosa do Brasil, deixando US$ 2 bilhões por aqui. Em 2022, as importações haviam sido de apenas 289 mil toneladas.

O grande mercado para o Brasil continua sendo a Ásia. Novos produtos e novos países entraram na lista das exportações. As receitas de há dois anos com cereais somavam US$ 861 milhões, mas já estão em US$ 6,5 bilhões.

O volume de cereais subiu de 4,5 milhões de toneladas, em 2021, para 26,2 milhões neste ano. Desse total, o milho soma 25 milhões; e o trigo, 1 milhão.

As exportações totais para a Ásia, onde a China é o grande motor, atingiram US$ 75 bilhões, 9% a mais do que no ano passado. O crescimento das compras chinesas foi de 13%.

Ao contrário do que ocorre com as exportações, os gastos com importações caem. Até outubro, o país despendeu US$ 34 bilhões com compras relacionadas ao agronegócio, 27% a menos do que igual período de 2022.

As importações de adubo se mantiveram em 33 milhões de toneladas nos meses de janeiro a outubro dos últimos três anos, mas os preços tiveram forte queda.

Os agrotóxicos, devido à retração dos preços no mercado internacional e à menor quantidade importada, somaram gastos de US$ 4 bilhões, 50% a menos do que no ano passado, segundo a Secex.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.