Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Etanol tem melhor relação de preço com gasolina em 62 meses

Para ANP, paridade nacional é de 62,6%; para a Fipe, 61% na capital paulista

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São Paulo

O consumidor que está optando pelo etanol neste final de ano tem grande vantagem em relação aos que utilizam gasolina. Nos cálculos da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio nacional do etanol valia, na semana de 10 a 16 deste mês, 62,6% do da gasolina.

Esses cálculos, no entanto, dependem muito da região. Em Mato Grosso, estado que vem ampliando em muito a produção de etanol de milho, o litro do combustível de cereal ou de cana-de-açúcar valia apenas 56,8% do provindo de petróleo.

Em São Paulo, principal produtor de etanol de cana-de-açúcar, a paridade é de 61,6%, tornando também o etanol uma boa opção para o consumidor. Na capital paulista, o preço do etanol vale 61% do da gasolina, o melhor patamar de preços dos últimos 62 meses, conforme acompanhamento semanal da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Imagem mostra frentista enchendo tanque de carro em posto de gasolina
Fila de carros em postos que vendem combustíveis sem impostos no Dia Sem Imposto, na avenida Sumaré, em São Paulo . (Danilo Verpa/Folhapress) - Danilo Verpa - 25.mai.23/Folhapress

Uma tabela indica que toda vez que o etanol tiver uma paridade de 70% ou inferior, em relação ao valor da gasolina, é vantajosa a utilização do combustível derivado da cana ou do milho.

Acima desse percentual, a vantagem vai para a gasolina. Essa tabela indicativa, no entanto, é bastante discutível, uma vez que estaria defasada devido à evolução dos carros. Com o avanço da tecnologia, há indicações de que a paridade a favor do etanol possa chegar ou até superar os 75% nos novos modelos de carros.

O Distrito Federal e oito estados estão com uma paridade igual ou inferior a 70%. Outros nove têm uma taxa que supera 70% e vai até 75%.

Com base em dados da ANP, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) estima que, ao rodar 300 km, o consumidor de etanol poderá economizar R$ 25, em Mato Grosso, e R$ 15, em São Paulo, em relação aos que usam gasolina. O ganho leva em consideração os preços atuais dos dois combustíveis. Na média do Brasil, o ganho é de R$ 14.

Evandro Gussi, presidente da Unica, diz que, enquanto o mundo paga caro com suas políticas de redução de emissões de poluentes, os brasileiros têm a chance de proteger o meio ambiente economizando.

"O consumo de etanol tem atributos ambientais, não polui e ajuda no combate ao aquecimento", afirma o executivo. Dependendo do volume de combustível consumido, o proprietário do veículo poderá economizar a pizza da semana, afirma.

O Brasil avança também na produção de etanol provindo do milho. Hoje, 20% do etanol produzido vêm desse cereal, que é semeado logo após a colheita de soja. Assim como o combustível derivado da cana, o proveniente do milho também é sustentável, afirma Gussi.

O Congresso deverá discutir no início do próximo ano o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina para 30%. A medida vai melhorar a performance da gasolina, e a demanda maior pelo etanol não causará nenhuma dificuldade ao setor produtivo, na avaliação do presidente da Unica.

O país tem potencial para duplicar a produtividade da cana nos próximos anos. Estão chegando novas variedades com produtividade que supera de 30% a 40% as atuais, segundo ele.

Além disso, o novo sistema de plantio da cana, por meio de sementes, vai elevar a produtividade e liberar mais áreas para a produção. Atualmente, 8% das áreas dos canaviais são destinadas a viveiros de mudas.

Do lado do milho, a industrialização do produto no mercado interno permite ganhos com a agregação de valor, tanto na produção do combustível como na de derivados do cereal. O país deverá optar por menos exportação e mais valor agregado, diz o executivo.

A produção de cana-de-açúcar, conforme os dados mais recentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), atingirá o recorde de 678 milhões de toneladas nesta safra, 11% acima do volume da anterior.

Essa evolução da produção ocorre mesmo com uma redução da área de plantio para 8,35 milhões de hectares. Clima favorável e investimentos na produção levaram a esse patamar recorde, segundo a Conab.

O rendimento médio nacional das lavouras sobe para 81,1 toneladas por hectare. Na região Sudeste, atingirá 85 toneladas, permitindo uma produção 12% superior à de 2022/23.

Na avaliação da Conab, os preços do mercado externo estão favoráveis para o açúcar, cuja produção subirá para 46,9 milhões de toneladas, 27% a mais do que na safra anterior.

Já a produção de etanol de cana vai a 28 bilhões de litros, 5,5% a mais do que no período anterior. A de milho sobe 36%, atingindo 6,1 bilhões de litros, nos cálculos do órgão federal.

A safra de milho vem mostrando um ritmo crescente nos últimos anos. Os produtores destinam o verão para a soja e o inverno para o milho. A safra 2023/24, no entanto, está cercada de muitas incertezas. Houve atraso e replantio na cultura da soja, e as condições climáticas podem não ser favoráveis para o milho. O produtor ainda tem incertezas sobre o quanto plantar.

A coluna volta em 3 de janeiro.

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