Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Camex

Argentina importa 65% menos alimentos do Brasil no 1º bimestre

Sem soja, as compras do país vizinho recuam para US$ 85 milhões até fevereiro

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As importações de produtos alimentares da Argentina, feitas no Brasil, recuaram 65% no primeiro bimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.

Já as importações brasileiras feitas no país vizinho aumentaram 5% no mesmo período. Os argentinos, após compras no valor de US$ 238 milhões de janeiro a fevereiro de 2023, gastaram US$ 85 milhões neste ano.

A forte queda das importações argentinas de produtos alimentares no mercado brasileiro não se deve às ameaças do presidente Javier Milei, que assumiu em dezembro, de reduzir comércio bilateral com vários países, entre eles China e Brasil.

Plantação de soja na Argentina - Agustin Marcarian - 8.abr.2020/Reuters

O fluxo de comércio entre Brasil e Argentina foi marcado por situações atípicas no ano passado, tanto do lado das importações argentinas como das brasileiras.

Os argentinos viveram uma das piores secas das últimas décadas, sendo obrigados a adquirir 226 mil toneladas de soja do Brasil nos dois primeiros meses do ano passado, no valor de US$ 125 milhões. Neste ano, compraram apenas 9.704 toneladas.

A safra de soja argentina, que recuou para 20 milhões de toneladas em 2023, volta ao normal em 2024 e poderá ficar próxima dos 50 milhões de toneladas.

Do lado do Brasil, houve uma redução das importações de trigo argentino para 558 mil toneladas nos dois primeiros meses de 2023. Os brasileiros tiveram uma safra recorde de 10,6 milhões de toneladas em 2022, reduzindo a necessidade de compras externas.

Agora há uma troca de sinais. Com o aumento da safra de soja na Argentina, os argentinos não dependem mais do produto brasileiro.

Os brasileiros, com a quebra da safra de trigo para 8,1 milhões de toneladas no ano passado, vão depender mais do cereal dos vizinhos neste ano.

Nos dois primeiros meses de 2024, o Brasil já importou 1,1 milhão de toneladas de trigo argentino, 90% a mais do que em igual período de 2023, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

A dependência brasileira do mercado argentino se dá, ainda, em cevada, malte, arroz, leite, cebola, alho, batata, frutas e azeite de oliva.

Do lado argentino, reduzidas as importações de soja, as maiores necessidades de produtos brasileiros pelos vizinhos são cacau, café e carnes.

Os gastos com cacau e derivados subiram para US$ 22 milhões neste ano, enquanto os com café diminuíram para US$ 8,7 milhões.

A importação argentina de carne no mercado brasileiro também cai. Após ter atingido US$ 11,4 milhões de janeiro a fevereiro do ano passado, estão em US$ 6 milhões neste ano.

Tanto os gastos dos brasileiros como os dos argentinos com as importações foram muito influenciados pelo comportamento dos preços internacionais. O café e a carne saíram do pico registrado há dois anos e estão com valores menores no mercado internacional. Já o cacau e o azeite fizeram caminho inverso e mantêm forte aceleração.

Leite O preço líquido médio do litro subiu para R$ 2,3 em janeiro no país, 5% a mais do que em dezembro, mas ainda está 20% abaixo do valor de janeiro do ano passado. É o terceiro mês de alta, segundo acompanhamento da Embrapa. Vai chegar ao bolso do consumidor.

Leite 2 Com a recuperação de preços, a relação de troca melhorou para o produtor. Em janeiro, foram necessários 40,8 litros de leite por 60 quilos de mistura (70% milho e 30% farelo de soja). Há um ano, eram 43,9 litros.

Leite 3 As importações do primeiro bimestre deste ano subiram para o correspondente a 387 milhões de litros, 28% a mais do que em igual período de 2023.

Robô no setor Inteligência artificial, internet das coisas e inteligência de máquina vão mudar os esquemas de trabalho dentro das agroindústrias.

Robô no setor 2 A startup paranaense Human Robotics, de Curtitiba (PR), lança um robô autônomo que auxilia no transporte dentro dessas agroindústrias.

Em alta O mercado mundial da robótica é crescente, podendo chegar a US$ 260 bilhões em 2030. No Brasil, deverá atingir US$ 390 milhões em 2027.

Em alta 2 Para os executivos da startup, a fabricação local dos aparelhos vai reduzir os custos de produção no longo prazo.

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