Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Agrofolha Estados Unidos

Intenção de plantio de grãos nos EUA não muda cenário de preços

Departamento de Agricultura confirma opção maior dos americanos pela soja

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Os tão esperados dados de intenção de plantio nos Estados Unidos para a soja não trouxeram grandes novidades. Já os do milho ficaram um pouco abaixo das expectativas do mercado, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural, de Curitiba.

Números desta quinta-feira (28) do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam que os americanos deverão semear soja em 35 milhões de hectares na safra 2024/25, uma área semelhante à prevista pelo mercado.

Se confirmada, no entanto, essa área supera em 1,2 milhão de hectares a da safra anterior. Mantida uma linha de tendência de produtividade, a AgRural estima que a safra dos americanos atinja 121 milhões de toneladas, acima dos 113,4 milhões de 2023/24.

Colheita de soja no estado do Tennessee, nos Estados Unidos - Scott Olson/Getty Images via AFP

O relatório trimestral de estoques físicos do país apontou um volume de 50,2 milhões de toneladas de soja em 1º de março, acima dos 45,9 milhões de igual período do ano passado.

Mesmo com a safra menor de 2023/24, os estoques de soja aumentaram porque o consumo caiu, principalmente devido às exportações fracas.

De setembro a fevereiro, a AgRural estima que o consumo aparente de soja pelos americanos, incluídas as exportações, foi de 71,1 milhões de toneladas.

Já a intenção de plantio do milho é menor do que previa o mercado. Segundo o Usda, os produtores americanos vão semear o cereal em 36,4 milhões de hectares, abaixo dos 37,2 milhões esperados pelo mercado. Esse número é inferior também em relação aos 36,8 milhões previstos inicialmente pelo Usda, em fevereiro último.

Se confirmada, a área será 1,8 milhão de hectares menor do que a de 2023/24. Mantida a linha de tendência de produtividade de 189,3 sacas por hectare, a produção de milho recua para 378 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 390 milhões da safra anterior.

Na avaliação de Daniele, o milho perde área porque os estoques do cereal estão elevados e os custos de produção são maiores do que os da soja. No início deste mês, o país tinha 212 milhões de toneladas de milho estocados, acima dos 188 milhões de igual período do ano passado. Essa alta ocorre devido à produção recorde da safra 2023/24.

Com base em números da produção e dos estoques iniciais, a AgRural estima que o consumo aparente de milho nos Estados Unidos atingiu 213 milhões de toneladas de setembro a fevereiro. Esse consumo foi puxado pelas exportações.

Para Daniele, mesmo com redução de 1,8 milhão de hectares na área de plantio e produção menor, os estoques de milho crescem, considerando os números preliminares de consumo do USDA.

"Esse crescimento limita a capacidade de as cotações do milho subirem na Bolsa de Chicago. Elas até avançam em alguns momentos, como nesta quinta-feira (28), devido à área menor do que se esperava, mas não têm força para continuar sustentadas por muito tempo", diz Daniele.

Com relação à soja, a área é maior, a produção sobe, mas não chega a ser recorde. Se for mantida a produtividade da linha de tendência usada pelo USDA na divulgação de dados de 15 de fevereiro, os estoques crescem.

Essa evolução dos estoques de soja não é tão tranquila quanto a do milho, mas é um quadro que não dá muito espaço para grandes altas na Bolsa de Chicago, segundo a analista.

A relação entre estoque e consumo no milho sobe de 14,9%, na safra 2023/24, para 16,1% na 2024/25, segundo a AgRural. No caso da soja, o aumento é de 7,6% para 8,7%, conforme os dados preliminares de produção e de consumo.

Tudo muda, porém, se houver problemas climáticos durante o plantio e no desenvolvimento das lavouras americanas, afirma Daniele.

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