Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Dólar sobe no país e impulsiona as commodities

Persistência de juro alto nos EUA afeta preço de grãos no Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

As pressões inflacionárias nos Estados Unidos não devem permitir uma queda rápida dos juros, e o dólar index (uma cesta de moedas) se mantém fortalecido. O resultado é uma queda nos preços das commodities.

No Brasil, que tem condições mais fragilizadas e é facilmente contagiado pelo cenário externo, o dólar chegou a R$ 5,3 —o maior patamar desde março do ano passado.

Aqui, o dólar tem efeito contrário ao dos Estados Unidos nas commodities. A alta da moeda norte-americana auxilia muito, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. O produtor recebe mais, sem onerar o importador.

Os preços internos podem até subir, mas isso não deve significar mais negócios. A soja vinha firme em março, quando as vendas atingiram 13 milhões de toneladas. Agora, o produtor espera subir mais os preços para efetuar novos negócios, principalmente com essa volatilidade do câmbio.

Essa alta, no entanto, pode ter Chicago como limitante, uma vez que os preços caem por lá. Nesta terça-feira (16), o primeiro contrato da soja recuou para US$ 11,45 por bushel (27,2 kg) na Bolsa de Chicago, com queda de 1,1% no dia. Todos os contatos listados na bolsa até maio de 2025 caíram.

Plantação de soja em Não Me Toque (RS) - Diego Vara/Reuters

Para o milho, o comportamento interno de alta do câmbio é mais importante do que para a soja. Os preços internos do cereal são descolados dos de Chicago, segundo a analista da AgRural.

Essa alta, no entanto, também pode não significar um volume maior de negócios. Os compradores veem a safrinha com perspectivas favoráveis em Mato Grosso e Goiás, embora o calor tenha provocado perdas no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O cenário para a safra de Mato Grosso deixa o comprador mais confortável e à espera de novas movimentações dos preços para baixo.

Plantação de milho em Maringá (PR) - Rodolfo Buhrer/Reuters

Em Chicago, todos os contratos do milho da bolsa com vencimentos até dezembro de 2024 registraram queda de preços. No primeiro, o de maio, o cereal fechou em US$ 4,315 por bushel (25,4 kg).

No Brasil, conforme cotações da AgRural, a saca de soja fechou a R$ 119 em Cascavel (PR), acima dos R$ 116,5 de há uma semana. Em Sorriso (MT), o fechamento foi a R$ 110, valor também superior ao da semana anterior, que era de R$ 107.

A saca de milho foi a R$ 36 em Sorriso (MT), acima dos R$ 34 de há uma semana, enquanto em Cascavel subiu para R$ 55,5.

Os preços externos vão depender ainda do desempenho das safras dos Estados Unidos e da Argentina, concorrentes do Brasil na soja e no milho.

Os americanos estão no início de plantio das duas commodities, sem nenhum percalço. Semearam 6% da área de milho e 3% da de soja.

Os argentinos já estão em período de colheita. Apesar do calor e da falta de chuva na reta final, as perspectivas de colheita de soja ainda são boas. As estimativas indicam safra próxima de 50 milhões de toneladas.

O cenário do milho é um pouco pior. Os produtores não cuidaram direito da cigarrinha, uma novidade para as lavouras deles, e o resultado é uma quebra de produtividade.

Após estimativa inicial de 57 milhões de toneladas, a Bolsa de Buenos Aires espera 49,5 milhões. A perda de produção é grande, mas o número ainda é bem superior aos 34 milhões de toneladas da safra do ano passado.

Ainda melhor Farelo de soja e trigo mantêm desempenho ainda melhor neste primeiro quadrimestre nas exportações do que no ano passado, segundo acompanhamento da Anec (Associação Nacional do Exportadores de Cereais).

Ainda melhor 2 As vendas externas de farelo de soja devem atingir 7,5 milhões de toneladas até abril, conforme programação de embarques nos portos. Se confirmado, esse volume supera em 20% o de 2023.

Ainda melhor 3 As exportações de trigo devem terminar o primeiro quadrimestre em 2,1 milhões de toneladas, acima do 1,84 milhão de igual período do ano anterior.

Aceleradas As vendas externas de soja também têm ritmo mais acelerado do que em 2023. De janeiro a abril deste ano, o volume previsto pela Anec é de 39,2 milhões de toneladas, acima dos 36,9 milhões de igual período de 2023.

Soja As receitas com as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão recuar para US$ 59,7 bilhões neste ano, após ter atingido o recorde US$ 67,3 bilhões no ano passado.

Soja 2 Os dados são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que prevê produção de 153,8 milhões de toneladas na safra 2023/24. A queda nas receitas se deve ao menor volume a ser exportado e à queda dos preços.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.