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Esta coluna é uma parceria da Folha com o Centro de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getúlio Vargas (FGV Cepesp).

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Triunfos de PSD, DEM e PP redesenham mapa eleitoral do país à direita

PSDB e MDB foram os maiores derrotados nas urnas em 2020, tanto em número de cidades que governarão como em número de votos

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Lara Mesquita

Cientista política, é professora da FGV Eeesp (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) e pesquisadora no FGV Cepesp (Centro de Política e Economia do Setor Público)

Fechadas as urnas do segundo turno, todos querem saber quais são os maiores vencedores e os maiores perdedores. Muito ainda será dito sobre isso nas próximas semanas e meses, mas no calor do momento, o que podemos identificar?

Sobre qualquer critério que se observe, DEM, PSD e PP se saíram bem. Esses partidos aumentaram o número de cidades que controlarão, elegeram mais prefeitos no grupo das 95 grandes cidades (as capitais, exceto Macapá, e cidades com mais de 200 mil eleitores), e receberam mais votos para prefeito e vereador em comparação com 2016.

Gilberto Kassab (PSD), ex-prefeito de São Paulo, em jantar de confraternização dos ex-ministros do governo Temer, em 2019 - Mathilde Missioneiro/Folhapress

O maior destaque, sem dúvida, ficou com o PSD, de Gilberto Kassab, a despeito do DEM, partido dos presidentes da Câmara e do Senado, ter tido um desempenho comparável e começar 2021 governando quatro capitais: Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Florianópolis.

O Republicanos, embora ainda não esteja no mesmo patamar, também se destaca. Esses partidos fazem parte do grupo de partidos de direita e centro-direita que não têm dificuldades de se alinhar com o governo de plantão.

PSDB e MDB foram os maiores derrotados nas urnas em 2020 (tanto em número de cidades que governarão como em número de votos), embora, claro, estejam longe de se terem tornado partidos irrelevantes.

Todos perderam votos para prefeitos e vereadores e diminuíram o número de cidades governadas em quantidade expressiva, embora nenhum deles esteja ameaçado no que tange a sua sobrevivência.

Apesar da vitória na capital paulista, o declínio dos tucanos foi inequívoco: comparando o primeiro turno de 2016 com o de 2020, caíram de 17% para 10% dos votos válidos para prefeito no país. Também foi o partido que mais perdeu cidades governadas, tanto no grupo das 96 grandes cidades quanto no total do país. No primeiro caso, caíram de 29 para 17 cidades.

O partido também se tornou mais geograficamente concentrado no Estado de São Paulo, que agora responde por 33% das prefeituras governadas pelo partido, ante 21% em 2016. Nada menos que 9 dessas estão nas cidades do G-95.

O MDB acompanha de perto o declínio do PSDB. Elegeu 265 prefeitos a menos que em 2016 e teve 11% de votos no primeiro turno, ante 14% no pleito anterior.

Ainda assim, MDB e PSDB estão entre os partidos com o maior número de prefeitos eleitos em 2020: 779 e 516, respectivamente, e saem das urnas governando, somados, nove capitais. Ou seja, embora o tombo tenha sido grande, os partidos chegarão a 2022 com boas condições de eleger uma significativa bancada de deputados federais, e parece que não terão dificuldades em superar a cláusula de desempenho de 2% dos votos nacionais.

A esquerda teve um desempenho abaixo do esperado: o PT não elegeu nenhum prefeito de capital pela primeira vez desde 1985, ainda que tenha se recuperado em relação à 2016 no grupo das 95 maiores cidades.

O desempenho de Manuela D’Avila e de Guilherme Boulos –jovens lideranças que despontam nesse campo junto ao prefeito eleito do Recife– embora seja emblemático e os coloque em posição de destaque para disputar qualquer cargo em 2022, ficou abaixo do que projetaram as últimas pesquisas e suas campanhas.

O que se pode prever para 2022 com esse cenário? Isso dependerá muito da posição que PSD, DEM, PP e Republicanos venham assumir daqui por diante. Vejo três cenários possíveis:

1) Os partidos podem aderir definitivamente à base do presidente Bolsonaro, inclusive um deles vindo a ser o partido do presidente na eleição de 2022 (pelos vínculos históricos, apostaria no PP);

2) Podem se unir e lançar uma candidatura presidencial própria, competindo à direita com o presidente e empurrando uma eventual candidatura do PSDB para algo mais próximo de Covas 2020 do que de Dória 2018;

3) Podem coordenar com o PSDB e turbinar uma candidatura presidencial de Dória, o que, a depender do contexto econômico e dos escândalos, pode dificultar a vida de Bolsonaro.

De toda sorte, ainda que nada disso aconteça, prefeitos são importantes cabos eleitorais para deputados e podem ter influência no desempenho de seus partidos na disputa para esse cargo, o que não é pouco em tempos de fim de coligações proporcionais e aumento da cláusula de barreira.

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