Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.
Descrição de chapéu machismo

Que as mulheres tenham voz (e que Bolsonaro se cale)

Ataque machista do presidente a Vera Magalhães acabou por recolocar as mulheres no centro do debate (e da eleição)

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Antes de mais nada, quero agradecer às mulheres —candidatas e jornalistas— por terem salvado o primeiro debate à Presidência da República, realizado no domingo (28).

Numa democracia, um debate é muito importante para tentarmos entender, conhecer e estudar as falas e o comportamento dos candidatos.

O encontro promovido em "pool" por Folha, UOL, Bandeirantes e TV Cultura foi muito bem organizado, e os apresentadores foram ótimos.

Mas, quando o atual presidente e candidato à reeleição, questionado sobre harmonia dos três Poderes, usa a sua primeira participação para defender golpistas, ele deixa claras as suas intenções.

Bolsonaro voltou a mostrar a sua cara no debate - Bruno Santos - 28.ago.22/Folhapress

O candidato não só não falou de harmonia como defendeu oito empresários que estão sendo investigados por incitar um golpe de Estado caso ele perca a eleição. Para piorar, na sequência, ainda defendeu o deputado federal Daniel Silveira, a quem concedeu anistia –o parlamentar foi condenado por ataques e ameaças ao Supremo.

Quem é Daniel Silveira?

Que importância tem para a história política brasileira?

Quem conhece esse cidadão na política externa?

Por que o presidente se preocupa tanto com essa pessoa se é insignificante na nossa política?

É um desrespeito à democracia e deixa claro que o presidente não tem o mínimo interesse num Brasil democrático, mas, sim, num país de golpistas.

Infelizmente, a primeira metade do confronto entre os candidatos se resumiu aos homens. Em determinados momentos, parecia até que só estavam concorrendo Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes.

Eles quase se esqueceram das presenças de duas candidatas mulheres, e, se uma não defendesse a outra, elas seriam simplesmente atropeladas.

Se elas não tocassem em assuntos como estupro, assédio sexual, assédio moral e feminicídio, temas superimportantes para a sociedade, os homens nada falariam.

Mas foi o próprio candidato à reeleição quem involuntariamente acabou reforçando a relevância do combate ao machismo e à misoginia, quando atacou a jornalista Vera Magalhães. Bolsonaro fez um gol contra, dando aos adversários ainda mais munição contra ele e, certamente, ampliando seus índices de rejeição junto aos eleitores.

as questões femininas, praticamente ignoradas até então, ganharam protagonismo e entraram até nos discursos dos homens presentes.

Como disse a própria Vera após o debate, o ataque de Bolsonaro a ela não foi nada inédito, pois ele não gosta de ser questionado –menos ainda por mulheres. O sujeito tem um histórico de agressões verbais a mulheres, como também reforçou Simone Tebet, e a jornalistas mulheres.

Gostei da participação da Simone e da Soraya Thronicke no debate. Mostraram ser duas mulheres de personalidade, e estamos necessitando de uma forte mudança de gênero no poder público, mas elas precisam alterar o pensamento em relação aos povos indígenas.

De qualquer maneira, entre os três primeiros candidatos nas pesquisas de intenção de voto, ficou claro que tanto Ciro como Lula são infinitamente mais preparados do que esse mentiroso do atual presidente, que não fez outra coisa a não ser cometer grosserias, exibir seu incontrolável comportamento machista e, obviamente, mentir o tempo todo.

Para terminar, quero dar os parabéns a todas as jornalistas que apresentaram e fizeram perguntas nesse debate, porque, sem vocês, as mulheres seriam esquecidas.

Viva a Vera!

Um viva também para Patrícia Campos Mello, Mônica Bergamo, Ana Estela de Sousa Pinto, Thaís Oyama e Juliana Rosa, jornalistas que questionaram os candidatos sobre temas caros e mal abordados por eles – e desprezados por ao menos um deles.

Se Caco Antibes, o lendário personagem de Miguel Falabella no "Sai de Baixo", estivesse no debate, eu não tenho nenhuma dúvida de que teria gritado diversas vezes:

"CALA A BOCA, BOLSONARO!".

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