Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.
Descrição de chapéu Rainha Elizabeth 2ª

Precisamos de mais gente como Beckham por aí

Ex-jogador poderia ter usado fama para furar fila, mas esperou 12 horas para se despedir da rainha

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Em um país que está acostumado com todo tipo de carteirada, como o Brasil, chama muito a atenção quando alguém conhecido e admirado mundialmente se recusa a furar uma fila, por exemplo.

Aqui é comum ouvirmos frases do tipo: "Você sabe com quem está falando?", "Você sabe quem sou eu?", "Quem é você para me barrar?".

E aquelas clássicas de boleiros prepotentes e arrogantes? "Chupou laranja com quem?" "Jogou onde?" "Chegou agora e já quer sentar na janelinha?"

Enfim, a imposição de quem tem um cargo superior ou acredita que, por ser famoso, merece privilégios é um péssimo costume que temos na sociedade brasileira.

Nesses casos, sempre existe a tentativa de desclassificar o outro. E, quando se deparam com gente que cumpre direitinho o seu trabalho, tentam desmoralizar essa pessoa diante das outras, causando constrangimento e vergonha em quem está honrando o seu dever.

Pois bem: lá na Inglaterra, David Beckham mostrou ter muita civilidade e respeito pelas pessoas, recusando a proposta de um componente do governo britânico para furar a fila e se despedir da rainha Elizabeth 2ª.

Ficou nessa fila por 12 horas, como todas as pessoas que passaram por lá.

Beckham se recusou a furar a fila do funeral - Louisa Gouliamaki - 16.set.22/AFP

Merece ser elogiado? Sim!

Porque, no mundo egoísta em que vivemos atualmente, o normal seria aceitar a oferta para dar uma carteirada.

No caso, ele nem precisaria fazer esse papel, porque foi convidado, por alguém do próprio governo, a levar vantagem sobre o cidadão "comum".

Comum mesmo deveria ser respeitar as pessoas independentemente de classe social, gênero, cor da pele etc.

Beckham tem as portas abertas em qualquer lugar do mundo.

Poderia chegar lá, passar direto pela fila, despedir-se da rainha e ir embora em pouco tempo, mas resolveu sofrer como todos os que estavam esperando.

Deve ter pensado que não seria justo com quem já estava havia horas aguardando a sua vez e que seria muito feio levar vantagem por ser quem é.

Talvez esse exemplo consiga ajudar as pessoas a respeitar um pouco mais os outros.

Já presenciei diversas situações desse tipo, principalmente em filas para embarcar em aeroportos.

Já vi carteiradas com gritos, ofensas, racismo. Sempre achei muito feio esse tipo de comportamento, percebendo que a pessoa que age dessa forma não se sente constrangida em nenhum momento, por ter certeza de que é superior e merece ter privilégios.

Foi um belo comportamento do Sir David Beckham, que esperou a sua vez e demonstrou ter muita sensibilidade. E não só por isso mas também por se emocionar e chorar diante da sua rainha.

Acho que a sociedade mundial está precisando de mais exemplos desse tipo e de pessoas com a visibilidade de David Beckham, de quem sempre fui fã, condição que aumentou muito no último jogo da Inglaterra nas Eliminatórias para a Copa de 2002, contra a Grécia, no Old Trafford.

O time inglês só precisava de um empate, mas perdia por 2 a 1, quando, nos acréscimos, saiu uma falta a uns quase 30 metros do gol. Seria a última chance do jogo.

Beckham pegou a bola, assumiu a responsabilidade e colocou a bola na gaveta, classificando sua seleção para a Copa.

De agora em diante, respeito muito mais o cidadão, ex-jogador, David Beckham.

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