Painel das Letras

Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.

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Descrição de chapéu Livros Flip

Apagão na Flip rende piadas no pânico e faz escritores se lembrarem de distopia

Falta de luz prejudicou encontros nos bastidores, mas regabofes e palestras principais seguiram de pé

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A Festa Literária Internacional de Paraty costuma ser um evento luminoso, mas a cidade não ajudou desta vez —a Enel derrubou a energia de todos os cantos de Paraty depois que um raio afetou a rede à tarde. Das 19h às 23h da quinta, só quem tinha gerador conseguiu enxergar.

Um editor brincou que a festa deste ano podia ser chamada "Flipocalipse". Os escritores hospedados em hotéis agora privados de ar-condicionado e água quente não economizaram comparações à literatura distópica. O cineasta Luis Buñuel correu de boca em boca com a lembrança dos ricos que não escapavam do jantar em "O Anjo Exterminador."

A cidade de Paraty fica sem luz durante a Flip - Zanone Fraissat/Folhapress

A festa literária não chegou a virar um enterro, porque a reação dos visitantes foi do pânico ao cômico —o que gerou uma noite memorável.

Foram diversas as casas paralelas que mantiveram sua programação mesmo às escuras. Em muitas, o público atuou como assistente de iluminação ao acender lanternas de celulares nos convidados.

Na casa onde a Supersônica fazia uma apresentação sobre audiolivros, a luz acabou na hora em que o evento conduzido por Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas orientou as pessoas a imaginar como seria se só pudessem acessar livros com os ouvidos.

Mónica Ojeda não conseguiu sair para jantar com suas editoras mineiras da Autêntica —elas apostaram que não ia ter lugar aberto na escuridão. Não sabiam que ainda estava funcionando o forno a lenha da pizzaria PuntoDivino, casa tradicional à beira da praça do auditório, aonde o escritor Itamar Vieira Junior chegou já com noite alta e foi recebido por Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip que estava em outra mesa e se levantou para cumprimentar efusivamente o baiano.

Munhoz, que tinha muito em jogo com o clima de indefinição que a queda de energia fazia pairar na Flip, entrou na tenda principal pouco depois do começo do apagão, sem se sentar, para checar se estava tudo bem. Mas o gerador não deixou ninguém na mão.

A poeta Dionne Brand, que falava na mesa principal com Angélica Freitas, também deixou para lá os planos de jantar com sua editora, Bazar do Tempo, que no lugar ofereceu uma grande feijoada à americana e sua companheira, Christina Sharpe, entre outros convidados na tarde de sexta. Brand comentou que a noite lembrou a casa onde passou a infância, em Trinidad e Tobago, que não tinha luz.

Mas um dos grandes temores daquela quinta-feira não se concretizou. O convescote anunciado pela Companhia das Letras para o final daquela quinta, num bar simpático de Paraty, não só se manteve em meio à escuridão como foi um enorme sucesso. Foram vistas por ali —com alguma dificuldade— autoras como a alemã Nora Krug e a brasileira Vera Iaconelli. E ainda sobraram alguns litros de cerveja.

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